domingo, 25 de dezembro de 2011

Prólogo Jo 1, 1-18

Depois da espera que configura o advento, trazer uma tradução do prólogo de São João para mim em termos de escolha de texto é como colocar a cereja no bolo. Porque o teor metafísico do prólogo não exime o texto da sua ligação já distante com o judaismo no qual Jesus foi educado. O evangelho de João é o mais recente dos quatro evagelhos considerado canônicos, foi escrito por volta do ano 90 d.c. algumas coisas chamam a atenção no texto, o primeiro é a valorização do discurso através da palavra criadora de Deus, o que é muito diferente das tradições cosmogônicas pagãs (grega, babilônia, persa entre outras)O mais fascinante é que a ação criadora da palavra é o próprio Deus criando do nada! (outra característica do judaísmo herdado pelo cristianismo). Ainda sobre a palavra a natureza trinitária não é percebida aqui, mas Jesus enquanto palavra é o próprio Deus oque além de revelar a natureza salvadora de Deus, também revela a natureza cristocentrica da criação (uma coisa leva a outra, Deus cria com efeito para convidar a sua criação a eleição e à eternidade adquirida através da revelação do rosto de Deus feita pelo messias). o segundo momento é a associação da palavra com a luz. É sabido que o cristianismo enfrentava as chamadas heregias conduzidas pelos gnósticos e maniqueístas. E por isso é importante compreender esta associação da palavra com a luz, a palavra com efeito, revela e ilumina. Revela o próprio Deus por meio de sua criação, a revelação traduz o desejo de Deus de participar da vida de suas criaturas convidando-as a uma vida renovada através de uma mudança radical de valores morais, nisto consiste o verdadeiro judaísmo (pregado por Jesus) e do cristianismo enquanto rompimento com a tradição formalista do judaísmo. no meio do prólogo o evangelista introduz a missão de joão Batista como uma testemunha do projeto de Deus e do desejo de Deus de resgatar a humanidade do pecado. Nesta parte do prólogo O messias não é mais associado a palavra, mas apenas como "a luz que ilumina todos os homens" indicando o sentido próprio do messianismo judaico de trazer esperança e ser um guia para todos os povos. No evangelho de João ao que parece a eleição não é mais um privilégio dos judeus que recusaram Jesus como Messias, mas a eleição se estende a todos aqueles que acolhem a luz messianica que levanta sua tenda entre nós se fazendo carne. ao fim do prólogo o evagelista retoma o tema da palavra indicando sua encarnação e endossando a missão do messias que fazer cumprir através da graça a lei que Deus deu por herança aos judeus através de Moisés. Por isso escolhi o prólogo o mais filosófico e mais metafísico dos textos biblícos que já li cercados de simbolos que demarcam a fronteira entre o judaísmo e o cristianismo, suas semelhenças e diferenças a partir da aceitação e reconhecimento de uma parte importante da herança religiosa ou da recusa em reconhecer o recebimento desta herança, isto é reconhecer jesus como messias. Os judeus ainda o esperam e os cristãos o reconhecem e procuram viver segundo os seus ensinamentos. Um texto que é um divisor de doutrinas, mas que poderia ser a marca de aproximação entre as duas ainda que demarque a seperação definitiva das duas tradições monoteístas mais antigas do mundo. segue a tradução:
"No princípio era a palavra e a palavra estava junto de Deus e Deus era a palavra. Esta ( a palavra) estava desde o começo junto de Deus. Tudo foi gerado através dela e nada do que foi gerado se fez separado dela.
Nela estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha na escuridão e a escuridão não a acolheu.
Havia um homem enviado da parte de Deus e o nome dele era João. Ele veio para ser testemunha, afim de dar testemunho da luz, para que todos crêessem através dele. Ele não era a luz, mas era a testemunha da luz.
A luz era a verdadeira (luz), a qual ilumina todos os homens vindo para o mundo.
Estava no mundo e o mundo foi gerado por meio dela, e o mundo não a conheceu.
Veio para os seus e os seus não o receberam. Quanto aos que a acolheram, deu para eles o poder para se tornarem filhos de Deus, aos que creram no nome dele, os que nem do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas gerados de Deus.
E a palavra tornou-se carne e levantou sua tenda entre nós e ao contemplarmos a sua glória, glória que o unigênito recebe do pai,cheio de graça e verdade.
João testemunhou sobre ele dizendo em voz alta:"este era aquele do qual eu falei: o que vem depois de mim, é maior que eu, porque foi gerado antes de mim."
Porque a partir de sua plenitude todos nós também recebemos graça sobre graça.
Pois a lei nos foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
Ninguém nunca viu Deus, apenas o unigênito de Deus. O qual estando no seio do pai nos guia para ele."

Um Feliz natal a todos!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Testemunho de João Batista Jo 1, 19-28

Antes de Postar o Prólogo do evangelho de João eu vou postar o testemunho de João Batista que é o texto seguinte ao prólogo. Este pedaço do evangelho já foi lido no advento no 2° domingo deste momento de espera. Vale lembrar que neste Momento João Batista e Jesus ainda não haviam se encontrado e Jesus na ordem dos fatos sequer teria realizado o milagre de caná (transformar água em vinho)Por isso ele ainda indica o anseio de todos os cristãos e porque não dos judeus de conhecer o Messias e esperá-lo para nos iluminar e trazer consigo a paz.

"E este é o testemunho de João, quando os judeus de Jerusálem enviaram sacerdotes e levitas até ele, afim de interrogá-lo: Quem és tu? declarou e não recusou: Eu não sou o Cristo. E o pergutaram: o que és então? tu és Elias? e disse: não sou. Tu és o profeta? e respondeu: não. Disseram então para ele: Quem és? afim de que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram, que dizes de ti mesmo? disse: Eu sou a voz que ressoa no deserto, aquele que endireita o caminho do Senhor. Conforme disse o profeta Isaías.
Os que haviam sido enviados eram da seita dos faríseus e o perguntaram novamente dizendo para ele: Por que batizas se tu não és o Cristo, nem Elias e nem o profeta?
João os respondeu dizendo: Eu batizo na água, mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis. Aquele que veio antes de mim e do qual eu não sou digno de desamarrar a correia da sua sandália.
Estas coisas aconteceram em Bethania próximo do Jordão, onde João estava batizando."

domingo, 18 de dezembro de 2011

Benedictus (Lc 1, 67-79)

Conforme havia informado na Postagem anterior, apresento neste domingo a minha tradução do Benedictus que como tal é diferente das traduções correntes da bíblia.
O Benedictus é um canto profético entoado por Zacarias pai de João de batista logo após o seu nascimento e carrega todos os traços da cultura messiãnica presente nos profetas do antigo testamento e a imagem de um Théos sóter (Deus salvador. então apreciem sem moderação e aproveitem!

Benedictus

E Zacarias, o pai dele (João Batista) encheu-se do Espírito Santo e profetizou dizendo:
Bendito é o Senhor, o Deus de Israel, que visitou e resgatou o seu povo, e despertou para nós poderosa salvação na casa de Davi seu servo, No tempo em que falou pela boca de seus santos profetas, salvando nos de nossos inimigos e das mãos daqueles que nos odeiam, Assim a sua compaixão é realizada para com os nossos pais e ele se recorda de sua aliança santa.
Conforme a promessa feita a Abraão nosso pai nos deu sem temor das mãos de nossos inimigos a liberdade para adorá-lo em santidade e justiça diante de ti em todos os nossos dias.
E tu menino será chamado profeta do altíssimo pois, será enviado antes do Senhor para preparar o seu caminho e dar a conhecer a salvação para o seu povo na remissão dos pecados e por meio da compaixão e ternura de nosso Deus que vai nos trazer do alto a visita do sol nascente que se manifesta para os que estão nas trevas e na sombra da morte e conduzir os nossos pés para o caminho da paz.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Magnificat (tradução) Lc 1, 46-55

Como estamos liturgicamente vivenciando o advento de natal. Nada mais justo que traduzir os textos biblícos mais marcantes desta época de espera.
Dois textos em particular merecem a atenção pela riqueza simbólica e mensagem soteriológica que carregam consigo. O magnificat, o pequeno discurso de Maria logo após o anúncio do Anjo de que ela vai dar a luz o messias e o Benedictus, discurso de Zacarias feito depois do nascimento de João Batista. A minha tradução vai ser um pouco diferente das traduções correntes, devido a minha pouca experiência com a língua grega e também porque eu traduzi e não me isentei de interpretar o texto para tentar pegar melhor o seu significado e sentido mais profundo. então segue a tradução:
"E Maria disse: A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se enche de alegria por causa de Deus, o meu salvador.
Porque olhou para a humildade de sua serva. Eis que a partir de agora todos os povos me felicitarão, porque o poderoso fez grandes coisas por mim e santo é o seu nome.
E a sua compaixão passa de geração em geração entre aqueles que o respeitam.
Com a força de seu braço, ele dispersou pensamentos soberbos dos corações dos homens.
Fez descer dos tronos os poderosos e elevou os humildes,
encheu de bens os pobres e despediu os ricos de mãos vazias.
Acolheu Israel teu servo, recordado de sua compaixão,
No tempo em que disse a Abraão nosso pai e aos seus descendentes por toda eternidade."

sábado, 19 de novembro de 2011

reflexão sobre MT 5, 43-48

Este post surgiu depois de uma rápida conversa via twitter com a @keel_gomes citando uma frase sobre o desprezar quem nos "odeia" eu a respondi exatamente com este trecho do evangelho de Matheus. Então resolvi recuperá-lo texto fazendo a minha própria tradução do texto grego e comentá-la tanto do ponto de vista exegético quanto hermenêutico, tarefa que não sei se vou conseguir fazer com êxito. Longe de tentar fazer um proselitismo biblíco meu intento é bem mais humanista do que o de valorizar uma religião específica, me identifico como cristão muito antes de qualquer denominação religiosa: católica, prostestante, ortodoxa e afins. E portanto quero refletir filosoficamente (na medida em que isso é possível) e teologicamente (levando em conta o objeto de análise) sem valorizar o que prega esta ou aquela comunidade religiosa (o que de certo modo mataria o texto analisado). Então passamos a tradução do texto e a seguir o comentário a seu respeito.
"Ouvistes o que foi dito:"Amarás(agapéseis) o teu próximo e odiarás(miséseis) o teu inimigo". Mas eu vos digo: "Amai (agapate) os vossos inimigos e orai em favor daqueles que vos perseguem, afim de que sejam (génesthe) os filhos do vosso pai que está nos céus, porque ele faz levantar o sol sobre os perversos (poneróus) e sobre os bons (agathóus) e faz chover sobre os justos (dikaióus) e os injustos (adikóus).
Se pois amastes (agapésete) os que vos amam (agapontas), que mérito (misthón) teréis? Não é assim que agem os cobradores de impostos? e se comprimentares apenas os vossos irmãos, o que fizestes de excepcional? Não é assim que agem os pagãos? vós deveis ser perfeitos (téleioi) assim como o vosso pai, o celestial é perfeito (téleiós)." (MT 5,43-48).
É importante lembrar que o Evangelho de Matheus é o segundo a ser escrito de acordo com Konings: "O evangelho de Matheus surge depois do ano 70 d.c. É como se fosse uma "nova edição revista, atualizada e aumentada de Marcos." (Konings,Johan. A palavra se fez livro, p.57). E embora o texto tenha sido escrito no dialéto koiné (comum ou vulgar) o vocabulário é rico de significação, moral e religiosa e acima de tudo resgata do ponto de vista teológico a revelação de um Deus que não faz distinção entre os homens, o que isso significa? significa que Deus tem como projeto salvífico alcançar toda humanidade com a sua misericórdia e justiça. Em outra passagem ainda no Evangelho de Matheus e ainda nos discursos que ocorrem depois do sermão da montanha(do qual este trecho faz parte). Jesus afirma: "Não julgueis (nomísete) que eu vim para anular (katalysai) a lei (nómon)ou os profetas. Não vim para os anular (katalysai) mas para completá-los (plerosai)." (MT 5,17)Com isto Jesus revela o verdadeiro papel da lei mosaica que era o de orientar o povo eleito de Deus frente as culturas pagãs. E também revela o intento de Deus ao eleger um povo inteiro como testemunha do seu projeto de salvação o qual pretende estender a toda humanidade. E com isso fica patente o sentido de perfeição que Jesus atribui ao pai e exige dos filhos deste mesmo pai uma vez que gerados (génesthe) pelo seu amor e guardiães do seus mandamentos. primeiro analisarei o verbo "génesthe" e concebê-lo ontologicamente enquanto ser e gerar, pensar que os que são filhos de Deus, o são porque foram gerados pelo amor dele, estão acima do ato criador de Deus e por isso chamados a participar da perfeição de Deus. E agora sim conceber o sentido de perfeição (téliós) palavra grega que indica mais um acabamento de uma ação (dizemos que uma estátua é perfeita quando ela está completamente terminada). Em outras palavras a perfeição exigida aqui é ser de tal modo que a humanidade esteja acima dos nossos pequenos desejos e satisfações pessoais, é uma exigência dificil de ser cumprida é verdade, mas neste caso a perfeição (téleiós) é equiparada a outro termo grego consagrado por meio da filosofia antiga e que será incorporada a cultura cristã nos séculos posteriores, a saber o conceito de areté (excelência) mas que ficou consagrado pela tradução latina de "virtude". E por que é possível equiparar estes dois termos: perfeição e excelência? porque a areté cujo a raiz etimológica é aristós (o melhor ou ótimo) tem a ver com o realizar de modo eficaz uma ação, e de certo modo significa ser perfeito, na medida em que a ação é realizada adequadamente ela é completa e portanto perfeita. E é neste sentido que se exige a perfeição no sentido de sermos humanos ao ponto de nos divinizarmos e sendo divinizados nos humanizamos e nos acolhemos uns aos outros.
Como eu disse é um trabalho díficil de ser executado porque somos constantemente interpelados pela cultura, pelos prazeres e pelo instinto.
É possível falar da agapé enquanto amor no sentido forte de charitas ou caridade tal como o cristianismo incorporou ao longo dos séculos em oposição ao sentido que eros (o amor vinculado ao desejo e sua dimensão erótica) e philía (comumente traduzida por amizade, mas também carrega os traços do desejo carnal). Eu diria que Agapé neste trecho do evangelho carrega sim o sentido consagrado pela igreja do primeiro século, no entanto o amor aqui deve ser encarado de uma forma mais branda ligada a tolerância e acolhimento, Vale lembrar a parabóla do bom samaritano (Lc 10, 25-37) quando Jesus pergunta ao doutor da lei: "Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?" (Lc 10,36)A resposta do doutor da lei é paradigmática: " Aquele que usou de misericórdia para com ele". (Lc 10,37) o termo misericórdia aqui é "Éleos" literalmente compaixão, misericórdia é em outras palavras conduzir o outro para o seu coração, acolher o outro por inteiro, com suas dores e alegrias. O próximo é qualquer pessoa com a qual agimos com essa misericórdia, não é o fulano da igreja, da escola ou o nosso irmão de sangue, não precisa ser um concidadão de nosso país, estado ou cidade, o próximo é qualquer um, do vizinho ao mendigo. Por isso amar o inimigo embora díficil é equivalente com o amar o teu próximo, agir sem fazer distinção se a pessoa simpatiza ou não com você é um gesto que nos aproxima de Deus, nos tornando filhos deste pai celestial. E por isso Jesus nos interroga: Se você ama só quem te ama, qual é o teu mérito (místhon)? Essa palavra místhon pode ser traduzida por recompensa ( costuma aparecer nas traduções correntes da bíblia) Mas eu optei por traduzir por mérito pensando no paralelo com a noção de dignidade. Jesus continua perguntando: " Se você comprimenta apenas as pessoas que fazem parte do seu circulo social(os irmãos), o que você faz de excepcional? Não é que jesus espera que toda vez que saíamos na rua a gente diga oi para pessoas que a gente nunca viu na vida, (Embora eu mesmo já fui comprimentado diversas vezes por pessoas idosas na rua que eu nunca vi na vida e isso nunca me fez pensar que um bom dia ou boa tarde fizesse mal a alguém) o que Jesus está dizendo é não fazer a diferença é literalmente ser mais do mesmo, é tornar a existência mediocre e inautêntica em favor do medo e do egoismo.
A exortação de Jesus é humanista porque tira o homem da esfera do olhar meramente cultural e regasta o valor universal e supremo da humanidade, coisa que o judaismo formalizado de seu tempo não conseguia fazer e que infelizmente muitos "fiéis" também não conseguem fazer, presos em uma visão limitadora da vivência religiosa e ignorando que a verdadeira experiência de Deus, sobretudo no cristianismo brota da práxis, da ação cotidiana de cada um, nas palavras do filme Todo poderoso: "seja você o milagre"!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Encanto

Teu sorriso me encanta no encanto da sua alegria,
Tua beleza me encanta ela não é apenas contorno harmonioso,
Tua Beleza me encanta porque é beleza da alma exprimida em harmonia.
Um sorriso encantador e uma beleza harmoniosa.

Encantar verbo que poderia significar estar repleto de canção.
“Em cantar” Simplesmente: "no canto", na harmonia, no arranjo perfeito.
Entre o sorriso e o olhar entre palavras e a transcendência te descubro em meus pensamentos.

Não é privilégio de uma musa, uma deusa, mas de uma mortal.
O encanto é como está cheio de alegria e está cheio de alegria lembra Spinoza é está cheio de amor.

Teu sorriso me encanta me perdi nele quando o vi.
Tua beleza me desconcerta e não sei o que fazer.
Sorriso pra encher os olhos.
E beleza para me tirar as palavras.

Encanto silencioso da alma, da tua alma
Encantamento silencioso da minha
Repleta de alegria por saber que existe algo de tão simples, mas tão belo
Que posso contemplar no íntimo da minha alma reconhecendo que até mesmo
No que é efêmero o belo se torna imortal.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Capitão América – duas leituras do além do homem nietzscheano

Nesta última terça-feira dia 09/08 fui ao cinema assistir o filme capitão América.
Na esperança de ver mais uma adaptação cinematográfica de um personagem consagrado do mundo Marvel. O filme é muito bom. Gostei da fotografia, da trilha sonora da atuação dos atores envolvidos e acima de tudo das ideologias traçadas pelos personagens principais. Capitão América é um super herói tal como o superman criado no contexto da segunda guerra mundial para servir de propaganda antinazista. Inimigo do Capitão América é ninguém menos que o caveira vermelha. Ícone do nazismo e representante de uma visão considerada por muitos deturpada do além do homem nietzscheano. Enquanto o herói americano representa uma versão sadia do além do homem. O além do homem é apresentado por Nietzsche como o homem q supera e transmuta todos os valores, que está acima do ideal ascético e busca reforçar o valor e o gosto pelo viver neste mundo. Embora o capitão América represente um além do homem a serviço do ideal ascético, porque luta por uma causa na qual ele sacrifica a vida em nome de ideais nobres. Ele tenta limpar a imagem negativa do uso que foi feito das obras de Nietzsche para reforçar os valores do arianismo nazista. Não poderia me esquecer da auto critica apresentadano filme quando o Capitão América se vê como um veiculo midiático para divulgar divulgar os ideias patrioticos em um tempo de guerra. E claro é sempre bom lembrar que a economia americana sobrevive e sempre sobreviverá com a ajuda de guerras e pequenas intervenções militares.
Nietzsche não é o meu autor favorito. Inclusive porque não penso que o além do homem pudesse ser representado por figuras como Capitão América ou super man (o parelo com o superman é bem interessante quando acompanhamos no seriado smallville os conflitos de Clark Kent com Lex Luthor e Lionel Luthor que sempre fazia menções a Nietzsche e a Richard Wagner que se tornou um símbolo do arianismo graças ao próprio Nietzsche). Capitão América mostra q superar o que é humano deveria ser apenas mais uma etapa do “humano demasiado humano” em nossas vidas, capaz de elevar o que temos de melhor para viver melhor e em paz.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Selene de cabelos dourados

Sei que você gosta de se esconder a princípio
Esconde seus cabelos dourados entre as estrelas.
Esconde seu sorriso de mim
Mas está lá a me olhar, e ver o meu riso meus olhos sedentos do teu brilho.

E aos poucos se revela para mim sempre sorridente entre luzes reluzentes.
Revela o brilho do seu olhar e a beleza dos seus cabelos dourados que sempre me seduz.
Dança todas as noites o baile dos astros sempre alegre e sempre me convida a dançar contigo.

E quando o momento chega seus cabelos que tudo ilumina,
Teu sorriso que tudo aplaca
Teus olhos que tudo vê percorrem junto com os seus passos
Iluminando tudo o que habita este mundo.

Minha felicidade
Meu sorriso
Meus olhos
Estampados por entre fotografias
E a brisa gelada beijando meu rosto enquanto olho para ti

Até que finalmente você se esconde novamente na escuridão da noite
Enche o meu peito de saudade enquanto espero seu retorno.

domingo, 19 de junho de 2011

Besouro

Hoje a tarde eu revisitei o filme “Besouro” que eu assisti no cinema na época de seu lançamento.
Não quero tratar do filme enquanto filme, não sou critico de cinema, quero apenas ressaltar a importância que o filme tem para a formação cultural do cidadão brasileiro.
Por que é importante? Porque Besouro apesar representar uma sociedade do ínicio do século XX, a história se passa em 1924 na Bahia. Mas o problema que atravessa a trama é muito atual, a questão da igualdade e do preconceito; duas instâncias que tem dado muito que falar em redes sociais, tanto no que diz respeito à consciência negra, como sobre a homossexualidade.
Besouro trata justamente da luta legítima pela igualdade, pelo respeito e, sobretudo pela liberdade de viver com dignidade praticar a sua cultura, afinal de contas liberdade cultural e religiosa é o princípio básico da igualdade constitucional. Besouro é um excelente filme a ser apresentado para crianças e adolescentes conhecerem melhor a cultura africana, a presença dos Orixás no filme faz o filme Tróia com o Brad Pitt (filme horroroso) parecer coisa de criança, de tão fraco.
Besouro trata a capoeira como patrimônio da mãe África, que como flor importada de longe floresce em solo brasileiro. As coreografias de luta remontam os grandes filmes de Wu-shu (filmes que recriam toda a atmosfera mitológica entorno das artes marciais chinesas). Então a capoeira passa a ser uma espécie de artes marciais afro-brasileira, parte da nossa cultura herdada do povo africano.
Um filme que realmente traz a tona a consciência de que a etnia merece ser tratada com respeito, que a origem étnica não faz ninguém melhor ou pior. Basta lembrar as palavras do mestre Alípio ao seu discípulo Manuel (Besouro) “ser pobre é uma condição que pode ser mudada, ser Negro é pra vida toda e tem que sentir muito orgulho disso”.
Orgulho é uma palavra muitas vezes mal vista, sempre é sinônimo de individualismo. No entanto o orgulho é uma forma de amor-próprio que precisa ser exercitada, e o filme ensina a relacionar este orgulho de ser tal qual se nasce e reconhecer e aprender a mergulhar no coletivo sem perder de vista quem você é.
Outra lição de mestre Alípio: “um é forte, mas três é mais forte ainda” incita o trabalho em equipe um tipo de funcionalismo muito interessante que a nossa sociedade não sustenta graças ao mercado de trabalho super competitivo.
A visão escatológica, e da religiosidade características do mundo pagão são muito bem apresentadas no filme. É um filme que vale a pena por muitos motivos. Fica aqui a minha indicação para quem ainda não viu um bom filme brasileiro, esse é bom mesmo, recomendo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Hiparchia

Os discursos de Crátes também capturou a irmã de Metrócles, Hiparchia. Os discursos e a sua maneira de viver a agradava, ela não dava atenção a nenhum de seus pretendentes,os ricos, os bem nascidos ou os belos, nenhum deles lhe importava, pois Crátes era tudo para ela.
Ela ameaçava seus pais dizendo que se mataria se não fosse dada a ele em casamento.
Então os pais da jovem chamaram Crátes para a dissuadir, ele fez de tudo, mas por fim não conseguiu convencê-la.
Então levantando e retirando suas vestes diante dela disse:
"Este é o seu noivo, e tudo o que ele possui, então escolhe pois é assim que viverás"
Então a jovem adotando o seu modo de vida e as vestes que ele usava passou a segui-lo, ambos comiam e se uniam em público.

(Texto traduzido e adaptado do Livro VI das Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres do Diogénes Laértios capitulo sétimo "Hiparchia")

terça-feira, 10 de maio de 2011

Hetaira

Minha companheira
Minha amada
Permita-me ver o teu sorriso mais uma vez
Permita-me tocar o teu corpo e sentir teu cheiro uma vez mais!!

Não me importa, o tempo contigo é eterno
Não me importa o que dizem as más línguas
É o teu olhar que cura minhas feridas
É o teu beijo que mata a minha sede
São as tuas carícias que despertam o humano em mim.

Teus cabelos longos realçam teu rosto
E a escuridão dos teus olhos iluminam o teu sorriso
Meu sorriso é completo em ti
E o meu desejo não cessa se não repousa em teus braços.

Minha companheira, minha amiga adorada
Minha companheira, minha amante, minha amada
O verdadeiro compromisso é firmado sem palavras
O carinho legitima qualquer união
O verdadeiro amor não é expresso em palavras, mas em gestos.

Andas comigo até quando estás longe de mim
Porque teu cheiro está impregnado no meu corpo
Teu sabor não sai da minha boca jamais
E o que há de mais belo em ti está esculpido em minha alma.

Cada momento contigo foi único pra mim
E não gostaria de perder a lembrança grata que tenho de cada segundo contigo.
Quando adentro teu quarto é como se não houvesse problemas
Como não se não houvesse nada além de olhares
Além de toques suaves e um timbre de voz que me lembra o vento passando mansinho.

Contigo o profano é sacralizado em gestos simples
O sagrado é resignificado
Tempo eterno
Amor livre
Não há políticas
Não há escravos e nem senhores
Apenas você e eu entre aromas que misturam o celestial sabor da entrega, o mundano desejo de permanecer eterno como as estrelas.

domingo, 24 de abril de 2011

Pessach

Incrivel como uma festa religiosa pode ficar tão descaracterizada diante do capitalismo, a Páscoa festa de origem judaica, tal como o natal, alimenta o mercado financeiro e sustenta o consumismo, representando justamente o oposto do que deveria representar. A Páscoa judaica é a festa em que se celebra a liberdade do povo judeu que havia sido escravo no Egito, Moisés foi quem libertou o povo se fazendo instrumento de Deus (Deus faz de Moisés seus porta voz)A festa é carregada de simbólos que visa lembrar aos judeus sobre o periodo de dificuldades em que passaram no Egito quando eram escravos, as raizes amargas, os pães ázimos, o cordeiro e o vinho. A páscoa judaica e a páscoa cristã absorvem e apresenta a dor como parte da experiência humana. durante uma semana os judeus se reunem para se lembrar da misericórdia de Deus para com eles e de como eles sofreram no Egito como escravos.
O cristianismo resignifica a páscoa Judaica e também durante uma semana os cristãos se recordam da última páscoa de Jesus, sua entrada triunfal em Jerusálem, aclamado como rei, e messias esperado pelos judeus. Depois entramos na festa própriamente dita, no caso da celebração católica o triduo pascal que se inicia na quinta feira, em que segundo a tradição Jesus institui a eucaristia (ápice da liturgia onde o pão e o vinho se torna corpo e sangue de Jesus)e é encerrado no Sábado santo também conhecido como sábado de aleluia (expressão hebraica que significa alegria)enquanto a Páscoa judaica traduz o desejo de liberdade do homem, a páscoa cristã traduz o desejo antigo do homem de vencer a morte. a ressureição de jesus é embasada na crença judaica da ressureição dos mortos iniciada na revolta de Judas Macabeu, quando mais uma vez os judeus lutavam pela sua liberdade diante de forças estrangeiras e opressoras. a crença na ressureição a vitória dos Macabeus deu origem a uma festa judaica chamada hanuká (a famosa festa das luzes) que acontece próximo ao Natal cristão. Jesus se torna o cordeiro da antiga páscoa, o cordeiro, um animal que permanece impassível diante do seu algoz, não dá um pio, não reage mesmo sabendo que vai morrer. A instituição da eucaristia é a apenas uma metafóra de um gesto ainda maior e escandaloso principalmente para a cultura pagã tão disseminada hoje em dia atráves do hedonismo desenfreado, e da hipocrisia vendida pelo capitalismo e oculta no consumismo vazio e degradante. Jesus sofre e se deixa morrer para transformar um simbólo da dor, da tortura em um simbólo da salvação e embora as religiões semíticas carregem o traço infeliz da culpa, o ato de Jesus é belo, não porque sofrer é bom, mas porque ele sendo Deus (o que como é bem registrado pelo apostólo Paulo é uma loucura para os pagãos gregos e romanos) Se rebaixa a condição humana, e experimenta a nossa condição limitada e sofrida até a morte.
Ideal seria que não houvesse a culpa no cristianismo e nas demais religiões semíticas,mas mesmo assim Jesus revela atráves do seu ato um Deus misericordioso e complacente, embora muitas vezes deturpado por ideologias manipuladoras. A páscoa é uma festa que celebra a vida renovada pelo poder de Deus, Jesus o messias crucificado, profeta da difamada galiléia, superou a morte e com ela venceu um modo de agir que manisfesta o egoismo dos homens, foi capaz de resignificar a vida atráves de um gesto único de doação. A páscoa é um tapa de luvas em quem só pensa que o momento é o que importa, é um tapa de luvas para quem quer tirar proveito de toda e qualquer situação. A páscoa não é a época dos coelhinhos, mas é a época de repensar a conduta ética, nas palavras do filósofo Lévinas, seria um olhar para o rosto. E portanto deixo aqui os meus votos de que a Páscoa seja uma festa verdadeiramente religiosa, que Judeus e Cristãos a celebrem valorizando seu real significado, que ovos de chocolates manifestem o desejo de renascimento e adocem o coração das pessoas sensibilizando e diminuindo a violência, o egoismo e o medo, para que a vida seja plena e que o reino de Deus comece aqui para todos! indiferente do credo religioso, da opção sexual, da etnia Uma feliz Páscoa para Todos!

terça-feira, 12 de abril de 2011

A cigarra e as formigas

Na estação do inverno as formigas secavam o trigo molhado.
E uma cigarra com fome pediu a elas alimento.
As formigas disseram a ela:
_Porque não ajuntou alimento para ti no verão?
E a cigarra respondeu:
_Eu não estava ociosa, mas cantava com arte.
E elas rindo disseram:

_Mas se durante o verão tocava flauta, durante o inverno vai dançar.

(Fábula de Esopo)

Obs.: fábula traduzida e com adaptações para deixar o texto mais dinâmico.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sobre a Educação

Antísthenes, o filósofo socrático, tendo sido perguntado sobre algo que pode tornar a coroa belissíma, disse:
_ A coroa da educação: Assim como o agricultor cultiva o campo, o filósofo cultiva a natureza; É preciso fazer com que as crianças se tornem bons homens, e também é preciso exercitar a alma com discursos tanto quanto o corpo nas palestras.

De João Stobeu 2. 31, 33-38

nota: optei traduzir Gymnasíois (Ginásios)por palestras,pois os exercícios físicos e o pugilismo, que hoje chamamos de luta greco-romana, eram executados neste espaço, a palavra Gymnasíos vem de gymnous que significa "nú". os gregos faziam os exercícios físico sem roupas, para que os mesmos fossem feitos com mais mobilidade e também, pelo ideal grego de beleza, uma vez que o nú masculino era belo.

domingo, 20 de março de 2011

Pain II

A primeira reflexão sobre a dor foi apenas uma introdução a cerca do sofrimento que se manifesta de vários modos. Como eu falei na postagem anterior Pain é o nome de um personagem do anime Naruto, mas na verdade Pain é o pseudônimo de Nagato que controla seis corpos (são seis Pains fazendo referencia aos seis caminhos do sábio Eremita, personagem lendário no anime Naruto). Portanto fazendo alusão aos seis corpos intitulados Pain, vou escrever seis textos, tratando desta questão sempre falando do sofrimento relacionado às observações que faço do cotidiano.

Para tanto vou abordar como segundo “Pain” o medo. O medo crescente que se manifesta em diversas formas entre as pessoas, a começar por um incomodo muito comum, o medo que as pessoas tem de encostar umas nas outras dentro do ônibus.

É um fenômeno que sempre me incomodou ver nas pessoas, essa coisa das pessoas indiferente do sexo terem “medo” de se encostarem no ônibus, não falo de encoxadas, falo de algo bem menos imoral que se pode imaginar, por exemplo, quando uma pessoa reclina a cabeça sobre o assento do ônibus e alguém está se segurando no assento, uma vez que o encosto para a cabeça também é usado para que o passageiro do assento traseiro possa se segurar, sempre aconteceu comigo (vai ver a minha mão tem espinho) e a pessoa encosta e levanta a cabeça e olha torto, eu me pergunto o que tem de mais? Não estou fazendo força (como se cutucasse a pessoa da frente) ela apenas encostou suavemente, não há nada demais!

Em outro exemplo ainda dentro do ônibus quando alguém segura na barra de ferro estando de pé e a mão de outro passageiro encosta na outra, apenas encosta, nada mais que isso e a pessoa olha virado como se estivesse sofrendo um tipo de assédio, é muito estranho presenciar estes fatos.
Tudo isso esconde o medo, o medo que é alimentado pela virtualidade da internet, pela violência, conseqüência do permissivismo e da impunidade. Se por um lado há o medo de se envolver de que já falei em outra postagem homônima desta, reafirmo o medo se estende também ao que é estranho, as pessoas tem medo de viver, tem medo de descobrir a si mesmas.

Curiosamente deveríamos está no auge do desenvolvimento cultural, os avanços tecnológicos deveriam significar desenvolvimento cultural, ético e social e, no entanto, acontece o contrário, as pessoas se deixam cair na barbárie, e se deixam tomar pelo medo, o excesso, como nos lembra Aristóteles é vício assim como a carência. Excesso de informação produz desinformação, falta de informação produz violência e degradação da dignidade do homem.

O medo crescente é fruto da barbárie, e do medo de envolvimento nasce a violência, O medo da dor produz o permissivismo e a impunidade, crianças que não respeitam os pais ou seus professores, jovens que não aprenderam a importância do limite, e o verdadeiro sentido da palavra liberdade, que em latim é “Líber” e curiosamente se parece muito com a palavra livro em latim: “Librum” o que de certo modo me permite brincar filologicamente associando liberdade ao conhecimento.

Portanto, me atrevo a dizer que o sofrimento se tornou um mal em nossa sociedade, e mudou muito os rumos da vida dos entes civilizados, mudou a nossa vida, por não aprendermos a lidar com a dor (o que não quer dizer que tenhamos que gostar da dor) nos tornamos indiferentes, e violentos, lidar com a dor é entender por que ela ocorre, aonde erramos conosco mesmos, com as pessoas a nossa volta e como podemos ser melhor. A violência nasce da ignorância e o medo a acompanha sempre.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Um cão, um galo e a uma raposa

Um cão e um galo fizeram uma viagem juntos.
Ao cair da tarde, o galo se assentou no alto da árvore, o cão se aproximou do buraco que havia na raiz da árvore. O galo como de costume cantou a noite. Uma raposa ouvindo o seu canto correu para debaixo da árvore suplicando:
"Como eu gostaria de simplesmente poder abraçaro possuidor deste belo canto."
Dito isto o porteiro antes de acordar assentou-se sob raiz, deste modo, abriu, desceu e procurando aquela voz, o cão imediatamente saltou e o despedaçou.
O mito nos mostra que: Os homens sensatos que atacam os seus inimigos aos seus amigos vigorosos são enviados por engano.

(Fábula de Esopo)

Obs.: Peço muitas desculpas na tradução desta fábula, é um dos textos mais dificéis que traduzi até então, a sintaxe do texto me pareceu bem complexa e sintética. mas em todo o caso como uma glossa com opção de tradução e laboratório para o mesmo fica aí e claro quem conhece um pouco de grego e conhece a fábula pode dar sugestões são sempre bem vindas.

quinta-feira, 10 de março de 2011

PORNH

Me importa o teu ser inteiro
Que o teu desejo almeje liberdade
Que a tua alma não se esvazie
E que o teu corpo seja reflexo da sua felicidade

Me importa que não te esqueças de quem és
Que não te percas por caprichos
Que não se esqueças para onde vai
E quando voltares não te medo olhar para trás

Me importa de fato, que sejas feliz acima de tudo
Que não tenha medo do amanhã
Porque o medo do amanhã pode interromper os teus sonhos
E o hoje bate a tua porta ligeiro e te cobrando o que tu não deve a ele.

Me importa quando estou contigo é desfrutar do que tens de mais belo e mais limpo
Um coração cheio de esperança, verdadeiro desejo, causa do amor sincero.
Não te iludas, esperança, é esperar, mas não pare, siga em frente, só olhe para trás quando quiseres te recordar daqueles que te amaram incodicionalmente.

Me importa que sejas respeitada, que não te rebaixes para ninguém contra tua vontade.
Que só te ajoelhes a quem se ajoelhou por ti.
Se te sentires suja, lembra-te o meu respeito te limpou
Se te sentires triste, lembre do meu sorriso e tome-o para si.

Me importa que não te esqueças que antes do teu corpo eu amei tua alma
Que antes de desejar-lhe a boca desejei que não te esquecestes do ser humano que és.
E acima de tudo pela liberdade da palavra amiga, pelo toque suave do afeto, me convidando para a cama do prazer, não fostes convidada ser inumana, mas convidada a descobrir na philia o sentido da equidade que une dois amantes pelo respeito.

Me importa te lembrar que embora para muitos o dinheiro possa significar dignidade
Para mim ele apenas sinalizou o caminho do teu coração
Mas isso nunca significou que tua humanidade fosse menor
Porque acreditar que o dinheiro determina o que somos é o mesmo que afirmar que não somos livres para escolher o caminho que vamos percorrer.

Lembra-te és livre, és digna de respeito, és amável, e tua ternura e liberdade não se compram ainda que a tua cama tenha um preço.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Astrólogo (Astrônomo)

Um astrólogo sai todas as tardes como era seu costume para observar as estrelas.
E quando passava pelo subúrbio e estando com toda a sua atenção voltada para o céu caiu no poço.
Lamentando-se e gritando, alguém que passava ouviu seus gemidos, aproximou e compreendendo o que aconteceu disse para ele:
_ ó, amigo!Tu que se esforça em ver as coisas do céu, mas coisas sobre a terra não vês?

(Discurso de Esopo)

Nota explicativa: Astrólogo e astrônomo são sinônimo na antiguidade, embora o termo astronomia existisse usava-se Astrólogo como um genérico para o observador do céu.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pain

Resolvi escrever este texto depois de pensar muito sobre a questão. Embora pensando muito, não pensei o suficiente, por isso peço desde já desculpa por qualquer falha na argumentação e ficaria imensamente feliz se houvesse interlocutores sobre este assunto que me preocupa (talvez a minha vida inteira tenha me preocupado sob diversas formas).

Curiosamente vou começar o texto dizendo que não escolhi o titulo "pain" por acaso. Pain em inglês pode ser traduzido por "dor" e ou "sofrimento", e também é o nome de um personagem do animê Naruto. Um vilão para ser mais exato, membro de uma organização chamada akatsuki. Pain acredita que o mal e a dor só vai acabar se todos experimentarem a dor verdadeira, assim ninguém mais vai querer provocar o sofrimento alheio. É sobre isso que prentendo escrever, sem aprofundar demais, apenas exercitando a livre reflexão sobre o assunto.

Tenho notado e não é de hoje, que as pessoas tem se importado cada vez menos com o sofrimento alheio, estão cada vez mais indiferente a dor, evitando-a a todo custo.
Hoje em dia ninguém suporta a dor, remédios que prometem alívio imediato estão sempre a mostra em comerciais na TV.

Pessoas que só olham para o que pode lhes render lucro, transformam as pessoas em objetos ou meios para obtenção de lucro e subentenda por lucro, o prazer.
nossa sociedade se tornou por demais hedonista, e hipócrita, o consumismo e a globalização reduziu o viver a um monte de mentiras. E o pior uma sociedade que teme ainda que inconscientemente negar sua herança teológica(estou falando do cristianismo) mas, no entanto, vive o paganismo dissoluto (eis a marca maior da hipocrisia). Tudo em nome do tenha isso, tenha aquilo, seja isso, seja aquilo, mas afinal quem é você? um carro do ano? uma mansão no bairro mais nobre da cidade? quem é você? aquilo que a mídia diz que você tem que ser? o problema da liberdade é que ela é tão etérea que não pode ser plenamente teorizada, e isso os gregos os sabiam muito bem. Posto que a liberdade era algo primordial para eles. E deveria ser para nós também. Liberdade não é apenas ir e vir, ou escolher a opção sexual ou viver em um país democrático. Ser livre é bem mais que isso, envolve uma vivência plena das nossas escolhas, assumir o compromisso verdadeiro, legítimo, que cada ação nossa produz. Isto também implica o sofrimento alheio.

Uma sociedade pragmática que reduz a vida a mediocridade. Mediocridade que o consumismo e a intemperança podem oferecer ao homem. Ser escravo de seus desejos e das ilusões que o sistema impõe através da mídia e afins. Fundamentando modinhas, estilos que pregam a liberdade, mas que na verdade fomentam o egoísmo e a hipocrisia. Quanto mais livre você se sentir, mas cheio de correntes você estará.

Ignoramos o sofrimento alheio. Para não nos lembrarmos do nosso próprio sofrimento. Nos escondemos por detrás dos direitos do "estado de direito". Porque os deveres nos obrigam a encarar o sofrimento como parte inexorável do nosso viver. Preferimos a injustiça à justiça porque ser justo implica em sofrer ou ser simpático ao sofrimento do outro.

Fingimos amar para receber em troca outro amor fingido. Somos indiferentes a nós mesmos para ser indiferente ao outro, pois "o fim justifica os meios". Ser ignorante nos torna menos culpados do vício que cometemos? ou será que somos todos culpados? Ou chamamos as coisas pelo seu nome verdadeiro e dar a cara a tapa sabendo que a felicidade só possível para aqueles que enfrentam os riscos de viver ou então devemos nos silenciar para sempre diante da nossa mediocridade vivendo uma vida artificial e estéril.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

fidelitatis

digo não as correntes, digo não ao senhores, as senhoras.
digo sim a lealdade, a liberdade e a reciprocidade.
um poeta mais sábio do que eu disse em seu poema e eu repito:
"irei rir o meu riso ou derramar o meu pranto, ao seu pesar ou ao seu contentamento."
eu estarei para você ainda que você não me chame, estarei para você porque sou teu amigo. e quando você pensar que te abandonei, na verdade eu estava o tempo todo in fidelis a ti, honrando o seu caráter, prestando culto ao teu amor.

Minha chama resiste aos ventos mais fortes, e o meu beijo suave como a brisa toca teus lábios de longe.
minhas mãos sempre estendidas vão te segurar e não te prender.
fidelitatis, in fidelitatis corda meum tradetur.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

De Amicitia ( sobre a amizade)

Se você não suporta as minhas lágrimas,
não precisa estar ao meu lado quando eu gentilmente oferecer um sorriso.
Dipenso a companhia dos excessivamente felizes, hipócritas!
as lágrimas e a dor também fazem parte da convivência.

Não te afaste do daquele que sofre, se não o suportas na tristeza, fique só, pois não é justo que compartilhe com ele de suas alegrias.
amizade é uma forma de equidade entre os homens.
equidade é uma forma de harmonia, se a balança pende para um lado apenas não existe amizade, nem harmonia, nem equidade.

Amizade é como um pêndulo e como um pêndulo não pode se mover para um lado apenas.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Daphne

A musa canta comigo um novo mito,
Da ninfa bela como a orquídea e suave como a rosa.
De alma límpida como as águas dos rios.
Misteriosa como o canto do rouxinol
E pura como os lírios.

Eu canto o que a musa me diz
Recito o que a deusa me fala
Pois o poeta é porta-voz das musas
E só entoa o belo que brota da alma dos homens.

Minha poesia é sem rima
Porque só há harmonia quando desfruto de sua companhia, ó! Ninfa dos bosques sagrados de Apollo.
De nome helênico mistura o sagrado e o profano com inteligência e altivez.
Recebeu de Athena a sabedoria e a essência das mulheres.
De Ártemis o dom de amar a natureza.
De Aphrodite mais que beleza, recebeu o dom mais caro o amor cândido.

O nobre Zeus e as musas são testemunhas do que canto.
A respeito da ninfa que deposita flores no meu jardim.
A ela que canto em segredo o brilho da lua e ofereço o luzeiro das estrelas.
Tudo o que conheço dela vem de sua alma generosa e nada mais me importa quero apenas desfrutar de sua doce companhia.



08/02/2011

Zeus e a serpente

Zeus realizou bodas de casamento e todos os animais levaram presentes, cada um segundo a sua capacidade.
Uma serpente rastejando recolheu uma rosa em sua boca e subiu.
Eis que Zeus disse:
_ De todos os animais eu recebo os presentes, mas da sua boca nada aceito.

O mito mostra que: Dos maus até as graças são terríveis.

(Fábulas de Esopo)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O sapo e a raposa

Era uma vez um sapo no lago gritando a todos os animais:
_Eu sou médico e tenho conhecimento dos remédios!

A raposa ouvindo diz:
_Como tu os outros salvará se a ti mesmo sendo coxo não pode curar?

O mito mostra que:
O que não tendo sido iniciado na educação os outros educar não pode.

(Fábula de Esopo.)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Para o Amor (Eis Erota)

Pois o delicado Amor
que surgindo com coroas repletas de flores,
quero cantar.

Assim como é senhor dos deuses
Assim também os mortais domina.

(Dos odes de Anacreontes)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sobre a velhice

Amo a velhice alegre,
amo o jovem dançarino.

Pois, quando dança,
o velho é velho por causa de seus cabelos
pois o coração rejuvenece.

Dos Odes de Anacreontes.

Peço desculpas por eventuais erros na minha tradução, mas traduzir poemas é mais dificil que traduzir textos em prosa.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A corça e o leão

A corça fugindo de alguns caçadores entra em uma caverna onde havia um leão.
O leão a captura e a corsa diz:Infeliz que sou, a qual fugindo dos homens me entrego a fera.
O mito nos mostra que, alguns homens por causa de um pequeno temor lançam para si grande perigo.

(Fábula de Esopos. extraído do livro Hellenika: introdução ao grego antigo p.241)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

amor-amizade

É o teu riso que me alegra
tua companhia sagrada ilumina o meu dia.
quero a tua companhia e não te possuir
porque a posse coloca hierarquia entre nós.

te amo e preciso de ti como a sombra precisa da luz para existir.
sua existência me faz sentir que sou renovado que posso esperar um tempo novo.
sua inocência é a minha inocência diante de um mundo culpado e manchado pela culpa e pela vergonha.

te amo porque és igual a mim, te desejo para ser um contigo e o meu querer se resume apenas a passar o tempo ou a pará-lo junto de ti.
se possível sem gaiolas, sem algemas, sem acordos escritos.
o laço que nos une deve ser feito com o que vem do coração.
a forja do afeto e do bem querer é quem deve enformar a aliança do nosso amor.

E o nosso companheirismo, risonho de coisas simples, com soluções simples seja a taça transbordante da nossa felicidade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Goiabeira

O entardecer sobre a goiabeira nas férias de verão sempre marcarão a minha vida.
goiaba branca, vermelha e a conversa descontraída em cima da árvore depois de jogar bola ou de brincar na piscina.
Tudo isso já faz muito tempo, numa época em que eu ainda escondia o homem que eu me tornei hoje, quando ainda era menino, um homem-menino.
o sabor da goiaba é o sabor das férias, das tardes despreocupadas, a goiabeira que recebia as chuvas de verão aonde o meu balanço fez morada.
sinto mais saudades das conversas, porque despreocupadas refletiam um pouco da simplicidade da infância, da alegria da companhia do outro e a amizade sincera e desinteressada.
A goibeira deixou saudades tanto quanto deixou o gosto doce do fruto que ela me oferecia.
A goiabeira companheira querida levará consigo parte da minha história e eu levarei parte da história dela comigo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ostracismo

Condenado injustamente a viver longe de casa.
condenado a saudade dos amigos e da morada terna.
embora o céu seja o mesmo, o movimento das estrelas muda.

exílio, privação ou provação?

por que me privando do lar que eu amo sou provado?

aonde o amor pela vizinhaça, pela terra, pelos costumes pode levar o homem a sofrer quando apartado de tudo isso?

não escolhi o exílio...
não escolhi perder o meu lar e no entanto cada lágrima que derramo é como um pedido de desculpas aos meus amigos e a minha vizinhaça que me viu crescer, a escola que me educou e as ruas por onde brinquei.
minha tristeza se confunde com a chuva de verão
e o meu desejo de voltar sempre vai arder no meu peito até que a minha alma receba a anistia e a justiça me seja feita!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Sedução

O jogo começou, te convido para uma dança.
Te levo para o salão entre luzes me insinuo a ti com cores vivas.
te iludo, te elevo e me admiro.
A admiração é apenas o reflexo no espelho é o desejo e o calor.
Desejo o calor da tua pele
o sabor da tua boca
tuas carícias e o seu toque.
tudo o que me causa excitação
tudo oque me desperta interesse.

A minha dança, o baile dos meus olhos
o mexer da minha boca, cada palavra doce que pronúncio é um anúncio de que te quero.
não é a posse eterna, não mera alegria, é gozo.. é satisfação de estar contigo
é a felicidade de ouvir seus suspiros e gemidos e deixar teu coração e a tua mente viciada no meu corpo.
e desejando cada momento de gozo com ele
te encanto! sedução é a ilusão.
A armadilha do desejo.
O canto das sereias que nos afoga nos prazeres mais simples e nos desejos mais profanos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Yume

O novo ciclo já começou e com ele projetos e desejos que muitos tentaram realizar ao longo dos 365 dias que se seguem após do último dia do mês de Dezembro.
Por isso resolvi escrever algo sobre o sonho (yume é sonho em japonês).
O sonho geralmente é a metáfora do irreal, da ilusão, da ficção. E quando empregado com estes sentidos sempre tristes e negativos refletem em parte a insatisfação do homem com a realidade. No entanto o sonho também tem traços de esperança, porque o sonho reflete os anseios que todo ser humano possui em seu íntimo. o sonho é inerente a existência humana o desejo otimista de um mundo melhor, o anseio de felicidade. nada disso é artificial mesmo quando percebemos a imparcialidade cruel do mundo, ao contrário é esta imparcialidade que nos faz desejar, lutar e acreditar sobretudo que sonho pode ser real.
o sonho existe para ser sonhado, mas não substitui a realidade, ele o complementa.o sonho é o salto que todos necessitamos dar para ver o horizonte. o sonho é impulso necessário para que possamos percorrer a realidade árida a qual nos deparamos
sonhar é é buscar algo para além do que os olhos vêem porque o sonho não pode ser visto com os olhos, mas é visto com a alma.