quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pain IV

Recebi um email outro dia com uma reportagem na qual um bispo católico fazia críticas a programação da televisão aberta. Mas o que me chamou a atenção não foi o texto com a fala do Bispo e sim os comentários de outros usuários de email que receberam o mesmo email. Comentários que são cada vez comuns em redes sociais, por já está dissolvido no imaginário comum da população. O Infeliz clichê: “cada um cuida da sua vida”, “cada um no seu quadrado”, “A vida é minha faço o que quiser com ela”. São alguns dos exemplos claros de subjetivismo que imperam em nossa sociedade, cada vez mais hedonista e pragmática.

Um subjetivismo que se estende desde a moralidade até as raízes que alimentam o conhecimento. Muito me admira que a contribuição de Descartes para com a humanidade e modernidade, possa ser de certo modo o veneno que ataque aquilo que ele mais prezava, a razão. Embora Nietzsche tenha atacado Sócrates acusando-o de ser o corruptor dos jovens, de incutir uma moral decadente na cultura ocidental. Descartes jogou uma bomba no colo da sociedade. Através do seu “Cogito” Descartes fundou o conceito de individuo que o ocidente até então não vislumbrara. Minto! Os gregos já conheciam este conceito sobre um nome pouco indesejável em sua cultura, a saber, o “idiotés”.

Idiotés que deu origem ao nosso idiota. Quem era o idiotés? O termo era aplicado as pessoas que não se importavam com a vida política. Com pessoas que só se importavam consigo mesmas. Em outras palavras, é sinônimo de egoísmo, egolatria (culto do eu, eusismo. neologismo meu). E não pensem que a vida política na Grécia era circunscrita a eleições como acontece na política moderna.

Os antigos gregos participavam ativamente da vida política, escolhiam quem assumiria os cargos, votavam o uso do dinheiro público e participavam inclusive dos processos jurídicos instaurados. Por isso ser idiotés na cultura grega antiga era muito negativo. Um grego antigo jamais diria: “cada um cuida da sua vida” ao menos não em sentido absoluto! Mas apenas em relação a algumas circunstâncias. Já que até mesmo a vida privada (doméstica) funcionava como uma instituição política e da qual como se sabe surgiu a Polís.

Há realmente algo muito errado com as pessoas hoje em dia, pois tornaram-se idiotés. Não entendem que a educação começa no sistema social mais antigo e mais importante de todos que é a família. Ignoram os aspectos benéficos que a tradição que recebemos dos pais e avós, e que são o berço da nossa cultura e que a educação é o leme que nos guia para uma sociedade sem violência e sem medo. Ignoram que a função da escola é complementar a formação que começa em casa.

Como se educa uma criança pregando subjetivismo? Ensinando-a que: “cada um cuida da sua vida”. E a vida da sociedade da qual fazemos parte, quem vai cuidar dela? E da biosfera? Vamos alienar o nosso direito de ter um mundo justo, com pessoas honestas, para “A vida é minha eu faço o que eu quiser com ela”. Entregar o destino do nosso habitat nas mãos de outros “idiotés”? Descartes descobriu o individuo, mas não teve tempo de moralizá-lo, apenas recomendou que se vivesse em uma “moral provisória” aquela adotada no país em que estiver. Pronto fomos abandonados a própria sorte.

O individuo que não sabe o que é liberdade é um idiotés, escravo de seus desejos, reduzido a uma consciência de si, um solipsista. O idiotés é um tirano que desconhece a alteridade (diferente de altruísmo) e, portanto só respeita o que lhe interessa o que lhe satisfaz e claro o que não o faz sofrer.

Enquanto houver pessoas assim no mundo viveremos oprimidos pela ditadura do eu, enganados pelo politicamente correto que esconde o totalitarismo do sistema que nos governa. Aceitando tudo o que o sistema nos dá de mão beijada. Todas essas drogas que nos fazem querer pensar menos, gozar mais e enxergar apenas o nosso próprio umbigo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pain III

O sofrimento que brota da angustia e do medo de relacionar, constitui um dos males do mundo moderno.
Um mundo cheio de subjetivismos, de “achismos” que orientam a nossa conduta para a incerteza e com ela o medo.
O medo é o temor do que não conhecemos ou do que não conhecemos com segurança.
É incrível como as pessoas hoje em dia são inseguras e se escondem de diversas formas, algumas bem cruéis, das quais o preconceito e a violência física são apenas algum dos exemplos. Um sofrimento indolor parece absurdo, mas não é, pois a dor nem sempre é sentida como aquele incomodo físico que nos faz gemer, chorar e gritar. O sofrimento as vezes é silencioso, marcado por uma postura defensiva e covarde. Criamos um escudo mental no qual cremos ser uma fonte de segurança, crença muitas vezes infeliz, por alimentar falsas esperanças. Infelizmente falsas esperanças são “vendidas” aos montes na sociedade de hoje inclusive em ambientes que são avessos a esta prática.
Uma sociedade que se deixou à deriva limitando o poder da ciência enquanto saber, negando o espaço da fé religiosa em conjunto com a descrença na racionalidade que sempre foi tão cara a humanidade não consegue espelhar um ethos, um hábito moral saudável. Uma vez que o exercício da moralidade, e aqui deve ser entendida como o conjunto de hábitos, atitudes que envolvem a vida social e não como um conjunto de normas morais heterônomas que dizem o que é certo ou errado. Um tal hábito moral saudável diz respeito ao enfrentamento da vida, de seus dilemas cotidianos, e sobre tudo da coragem de se relacionar com as outras pessoas mergulhando no ser delas, vivendo com elas a existência no seu sentido mais pleno, o de sair para fora (ex esistire do latim). No entanto o comportamento moral é outro, pautado pela insegurança, ceticismo ou relativismo do saber e consequentemente do ethos. Quando eu não tenho certeza de nada, uma certeza mínima necessária para viver e ser capaz de ao menos tentar resolver do melhor modo possível os problemas que a vida me impõe, então fica patente ser assombrado pela covardia e pela angustia de nunca saber se posso ter fé no outro, de almejar justiça na sociedade, mas apenas me dopo diante da TV, com festas e prazeres indefinidamente, vivendo o egoísmo e gozando todos os dias de um medo indolor de ter uma existência autêntica. O hedonismo é para as pessoas covardes e isso serve para o nihilismo também como um analgésico, porque legitima o pragmatismo ético e científico em nome de uma moralidade deficiente, no entanto este analgésico merece enquanto pharmákon o titulo merecido de droga, pois vicia o comportamento e a mente alienando a existência e tornando o individuo escravo de seus medos e de suas inseguranças. O mundo nunca poderá ser considerado um lugar seguro, é verdade, porque uma infinidade de perigos nos aguarda, no entanto o ser humano precisa e sempre vai precisar de uma bússola para guiá-lo, para que não se perca pelo caminho, pois uma vez perdido, pode não ser mais encontrado, uma vez perdido estará abandonado a própria sorte. O ser humano precisa saber (é uma necessidade ontológica do ser humano com todos os traços que a antropologia pode nos dar) que ao atravessar as geleiras da existência, ele sinta que os gelo não vai romper sob seus pés, mas que se romper ele ao menos possa fazer algo antes que morra de frio na solidão hipotérmica que o espera.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Respeito e carinho

Com os meus olhos eu te conto o que desejo
Desejo estar ao teu lado
Desejo morar no teu íntimo
Habitar entre teus lábios
Segurar a tua mão enquanto vejo seus cabelos ao vento.

Meus olhos delatores me denunciam
Que o meu amor velado
Carregado de admiração
Não quer mais que dividir contigo a vida.
Habitar sob a luz brilhante do teu olhar
Morando no teu abraço
Segurando tua mão durante a tempestade violenta.

Meus olhos, traidores que são te dirão
O que eu nunca quis revelar por medo ou insegurança
Que eu desejo cada beijo seu
Cada abraço
Seu reconhecimento
Carinho cheio de respeito
Respeito mútuo
Confiança plena.

Meu olhos
Minha boca e meus ouvidos
Minhas mãos e meu corpo
Não desejam mais do que poderiam desejar
Amor-amizade, amizade-amor
Verdadeiro laço fundado na fé de olhos sinceros
E lábios comprometidos com a sinceridade.

Brener Alexandre 14/02/2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Coração sem palavras

Não tenho palavras para descrever o que sinto...
Não as palavras adequadas, as corretas...
Meu coração nunca fui bom com palavras
Sempre foi bom com gestos

Meu coração não sabe dizer: “te amo”
Mas saber amar com beijos e abraços carregados de ternura
Carinho respeitoso, respeito carinhoso

Meu coração não tem palavras para se expressar
Mas ele se expressa agindo
Não diz nada
Apenas faz
Entre suspiros e olhares

Contempla seu sorriso em silêncio
E te ama em segredo.
Sonha com o teu amor.

Não tenho palavras para falar do que sinto
Porque já não tenho voz, pois você se tornou o ar que respiro
O sopro divino que me dá vida
A luz do sol que leva as cores do mundo para os meus olhos.

Não tenho palavras, nem eu, nem o meu coração
Mas cada suspiro, cada gesto, cada olhar me denúncia
Denúncia o meu amor e cada vez que te vejo me entrego
Entre sonhos e desejo de te pertencer por inteiro
Preenchendo esse vazio que a tua ausência deixou.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Cura

Preciso de você, seja o remédio que vai aliviar a minha dor
Quero você e só você pode diminuir a minha angustia.
Seja a minha cura.
Sara minhas feridas.

Seja o antídoto para a minha doença
Porque quanto mais só, mais doente
Solidão me é como um câncer se multiplicando em metástase.
E apenas tua doce companhia pode me curar.

Preciso de você, seja o remédio que vai trazer paz ao meu coração.
Quero apenas você, só você pode transformar minha tristeza em alegria.
Seja a minha cura.
Sara minhas feridas.

Eu sei, eu sei que todo remédio é feito com veneno.
A droga que cura pode ser a droga que mata.
Não sou viciado no teu amor, apenas preciso da cura.
Porque meu coração está doente.
Minha mente está perdida.
Minha alma sangra...

Preciso de você, seja o remédio para a minha vida
Quero você e apenas você pode diminuir esta dor atroz no meu peito.
Seja a minha cura.
Sara as minhas feridas.
Não me deixe morrer aqui sozinho
Não me deixe doente por seu amor.