sábado, 15 de junho de 2013

Jeremias II



Maldito seja o dia em que nasci!
Maldito seja o médico que não foi capaz de convencer a minha mãe a abortar!
Maldito seja o dia quinze de junho!

Mais vinte anos e poderei morrer
Mas a minha alma anseia pela morte antes que o tempo se cumpra.
Não suporto a minha existência
Fardo pesado que carrego.
Fardo doloroso que arrasto como grilhões preso aos meus pés.

Ente amaldiçoado é o que sou
Ente por todos desprezado
Que Deus abandonou
Com as costas sobrecarregadas...

Maldito seja o dia em que vim ao mundo
Maldito seja o médico que felicitou meu pai dizendo: Nasceu um menino!
Por que me fizeram vir a este mundo?
Por que não me mataram?
Por que permitiram tal barbárie?

Dia do esquecimento
Alma desfigurada
Dia de escuridão
Espírito constrangido.

Dia sem sol
Noite sem estrelas
Dia de dor
Dia de sofrimento

Nasci como erro
Nasci como fracasso
Nasci como peso
Peso insuportável para todos.

Nasci e este é o grande erro
Nasci e este é o meu pecado
Nasci e anseio pela morte todos os dias.