quinta-feira, 24 de junho de 2010

palavras ditas com os olhos

Meus olhos falam, dizem mais que a minha boca pode dizer, meu desespero estampado na minha cara, minha angustia refletida na minha Íris, mensageira divina!
Imprudentemente meus olhos revelam a dor que sinto, revelam que nem o meu sorriso consegue esconder essa dor, na verdade o sorriso é a manifestação candida da dor.

meus olhos falam sem parar, sim eles tagarelam e ninguém os ouve!
isso é pior que solidão, pior que ficar físicamente sozinho, é estar em meio a tantos e não estar no meio de ninguém!

meus olhos continuam gritando, mas eu sei que é inutil, ninguém vai ouvir.. e vou então morrer assim.. secando feito uma árvore velha e vou apodrecer, como tudo que tem vida.. vai se extinguir um dia...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

mito e o rito

Mesmo ainda sentindo essa solidão aguda, essa estranheza diante da vida, estou feliz, por que como sempre consigo, na medida do possível transformar os dias 15 e 16 de junho em um dia só, um dia em que para mim o mundo para, um dia em que os problemas não existem, é verdade que fico preguiçoso, manhoso etc, mas a verdade é que tenho muito orgulho de mim mesmo, de quem eu sou e acima de tudo do que eu quero ser no futuro.
eu sustento o rito do meu aniversário, 48 horas em que extravaso minha alegria, meus sonhos como ser humano normal, sustentando o mito de que preciso para viver. para ser melhor.
acho que aniversário é um dia nosso, um dia meu, ou seu em que fazemos o que gostamos, estamos com quem queremos estar e ainda estando sozinho, sorrimos para nós mesmos e regozijamos de alegria apenas por sentir uma brisa suave ou de receber aquele telefonema tão aguardado.
meu mito é a minha própria existência, que quase não foi, mas que me enche de orgulho ao me dar conta de que sou um vencedor e sobrevivente eterno, neste mundo cruel!

sábado, 12 de junho de 2010

Lipé II

O que é a dor? Penso tal como os estóicos, que a dor não é um mal, e minha inferência para tal, é justamente, porque a entendo como uma mensagem de que algo no meu corpo, ou na minha alma não vai bem. Hoje mais uma vez senti essa dor sem igual, por causa dessa singularidade que sinto diante dos outros, cada vez mais me sinto um alien, um estrangeiro,não partilho da língua, não há cultura semelhante, não há nada igual, é tudo diferente.. tudo outro, um grande outro, no qual não consigo adentrar.
Essa dor que berra na minha alma, e que não consigo apaziguar!
Esse sentimento de estranhamento existencial... me condenando a misantropia e antropofobia!
Eu conheço essa dor a tanto tempo e ela cada vez mais forte destrói minhas esperanças, por que não ter nada a que me apegar! nada e nem ninguém para recorrer..

O amor não existe, é ilusão advinda do desejo.
E não deixo de me esquecer dessas palavras proferidas por mim a tanto tempo atrás:"Não importa o quanto as pessoas desejam, ou se enganem, somos como as estrelas agrupadas em constelações, no entanto distantes umas das outras, milhares e milhares de quilometros de distância."
Só espero nao enlouquecer de dor...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Eu e o outro/ O mesmo e o diferente

Não sei porque, mas ontem terça-feira, me senti estranho. não sei se outras pessoas já se sentiram isso, mas ultimamente comigo tem sido frequente essa sensação, na qual me sinto tão eu, tão mesmo, queme sinto diferente de tudo, me sinto o outro, o grande outro em relação ao mundo eu. Me dói a diferença, me dói ser outro. Não me sinto melhor ou "especial" sinto que sou tão singular que nem humanidade possuo, como se fosse o estrangeiro de Camus. Não partilho nada com ninguém, e isso dói.. como se minha determinação ontológica,fosse justamente a não determinação, como se eu fosse uma espécie que não fora católogada.
Esta dialética do mesmo e do diferente, do eu e do outro, tem me marcado profundamente a um certo tempo. Me marcado desmarcando o que sou.
E as sequelas que essa sensação me deixa.. resquicíos de misantropia? Ferida sangrando?
o que tem sobrado até o momento é só uma dor excruciante, essa singularidade eu sinto as vezes que ela me mata por dentro, ou que ela há de matar em algum momento.. " me sinto um estrangeiro,passageiro de algum trem, que não passa por aqui... que não passa de ilusão..."