Foi um dia longo que parecia não ter fim acompanhado do
silêncio e da dúvida e do medo.
Aquele dia foi longo foi um dia sem igual incomparável em
tudo principalmente no medo que tinha do seu silêncio.
Veio à noite, a escuridão iluminada pela palavra. Escuridão
iluminada que me cegava.
Aquele dia eu me despedi de você. É verdade que você não
estava morta que apenas seguíamos caminhos diferentes paralelos talvez.
Mas chorei como se você tivesse morrido em meus braços,
chorei como um luto amargo.
Aquela despedida me atravessou como uma lança, senti como se
fosse eu quem morria para ti.
Enterrado como um indigente como um anônimo largado por aí.
Aquela noite foi difícil passei-a sozinho acordado afogado
em lágrimas acorrentado pela solidão.
Uma noite escura uma noite diferente... Uma noite de eclipse
de luz de escuridão iluminada pela tristeza da minha alma.
Nunca imaginei que sofreria tanto ao me despedir! Nunca
imaginei que choraria tanto por ter que partir.
Porque nunca estive tão convicto do que sentia e nunca
estive tão convicto do que queria construir.
Minha partida foi também a sua, e como o brilho da Lua vai
embora ocultado pela sombra da Terra você se foi naquela noite de outono.
Para você creio que tenha sido contrário a sua partida foi também
a minha partida e para você deve ter sido como o nascer de belíssimo dia de
verão, céu azul sem nuvens e um sol forte e quente.
Naquele dia realmente choveu e a tempestade caiu em minha
alma também, meu mundo que já estava em colapso foi arruinado completamente
destruído.
Jurei depois daquele dia que não ia cair, que não ia me
deixar vencer, mas é uma luta difícil e desigual e sempre saio vencido.
Jurei que reconstruiria o meu mundo, mas não sei se consigo
sozinho sem você.
Aquela despedida me matou e agora sou um morto vivo me
arrastando por aí tentando me iludir no meio de uma escuridão que me cega com a
sua luz.
A verdade é que aquela despedida me quebrou de um modo que
não pode ser consertado, assim como um mundo depois do colapso.
Me despedi, chorei e parti e só me resta agora escuridão e
um céu sem estrelas para contemplar.