Sentado sob o céu numa manhã de quinta-feira, dia frio, mas ainda sim o sol brilhava, sem força, preguiçoso.
Sentado mergulhado em minha solidão, mergulhado no meu eu. evitando tua presença em todos os sentidos. evitando tua lembrança, teu sorriso, teu olhar, teu toque, seu cheiro.
Sentado sob o céu azul claro de um típico dia de outono, eu estava ali parado, fugindo de você. fugindo de mim mesmo, fugindo de todos.
sentado senti a brisa gelada acariciando o meu rosto e o meu desejo de verter lágrimas pelo que não vive, pelos fantasmas que me assombram, pelos desejos brutalmente assasinados pelas circunstâncias.
Sentado eu percebi como uma existência pode ser tão dolorosa, tão sem luz, mesmo sob o brilho do sol, mergulhado na escuridão de minha alma, mergulhado no precípicio da dor, mergulhado na sombra do passado sempre a minha soleira, sempre a espreita para me lembrar dos meus fracassos.
Ao acaso um brinde, a sorte meus pêsames, a esperança o meu perdão.
sentado sob o céu azul claro eu percebi que a solidão é azul, que o frio é azul, que meus medos são azuis claros e que as minhas lágrimas abortadas também eram azuis...