domingo, 20 de março de 2011

Pain II

A primeira reflexão sobre a dor foi apenas uma introdução a cerca do sofrimento que se manifesta de vários modos. Como eu falei na postagem anterior Pain é o nome de um personagem do anime Naruto, mas na verdade Pain é o pseudônimo de Nagato que controla seis corpos (são seis Pains fazendo referencia aos seis caminhos do sábio Eremita, personagem lendário no anime Naruto). Portanto fazendo alusão aos seis corpos intitulados Pain, vou escrever seis textos, tratando desta questão sempre falando do sofrimento relacionado às observações que faço do cotidiano.

Para tanto vou abordar como segundo “Pain” o medo. O medo crescente que se manifesta em diversas formas entre as pessoas, a começar por um incomodo muito comum, o medo que as pessoas tem de encostar umas nas outras dentro do ônibus.

É um fenômeno que sempre me incomodou ver nas pessoas, essa coisa das pessoas indiferente do sexo terem “medo” de se encostarem no ônibus, não falo de encoxadas, falo de algo bem menos imoral que se pode imaginar, por exemplo, quando uma pessoa reclina a cabeça sobre o assento do ônibus e alguém está se segurando no assento, uma vez que o encosto para a cabeça também é usado para que o passageiro do assento traseiro possa se segurar, sempre aconteceu comigo (vai ver a minha mão tem espinho) e a pessoa encosta e levanta a cabeça e olha torto, eu me pergunto o que tem de mais? Não estou fazendo força (como se cutucasse a pessoa da frente) ela apenas encostou suavemente, não há nada demais!

Em outro exemplo ainda dentro do ônibus quando alguém segura na barra de ferro estando de pé e a mão de outro passageiro encosta na outra, apenas encosta, nada mais que isso e a pessoa olha virado como se estivesse sofrendo um tipo de assédio, é muito estranho presenciar estes fatos.
Tudo isso esconde o medo, o medo que é alimentado pela virtualidade da internet, pela violência, conseqüência do permissivismo e da impunidade. Se por um lado há o medo de se envolver de que já falei em outra postagem homônima desta, reafirmo o medo se estende também ao que é estranho, as pessoas tem medo de viver, tem medo de descobrir a si mesmas.

Curiosamente deveríamos está no auge do desenvolvimento cultural, os avanços tecnológicos deveriam significar desenvolvimento cultural, ético e social e, no entanto, acontece o contrário, as pessoas se deixam cair na barbárie, e se deixam tomar pelo medo, o excesso, como nos lembra Aristóteles é vício assim como a carência. Excesso de informação produz desinformação, falta de informação produz violência e degradação da dignidade do homem.

O medo crescente é fruto da barbárie, e do medo de envolvimento nasce a violência, O medo da dor produz o permissivismo e a impunidade, crianças que não respeitam os pais ou seus professores, jovens que não aprenderam a importância do limite, e o verdadeiro sentido da palavra liberdade, que em latim é “Líber” e curiosamente se parece muito com a palavra livro em latim: “Librum” o que de certo modo me permite brincar filologicamente associando liberdade ao conhecimento.

Portanto, me atrevo a dizer que o sofrimento se tornou um mal em nossa sociedade, e mudou muito os rumos da vida dos entes civilizados, mudou a nossa vida, por não aprendermos a lidar com a dor (o que não quer dizer que tenhamos que gostar da dor) nos tornamos indiferentes, e violentos, lidar com a dor é entender por que ela ocorre, aonde erramos conosco mesmos, com as pessoas a nossa volta e como podemos ser melhor. A violência nasce da ignorância e o medo a acompanha sempre.