Por que a felicidade tem de estar associada a um bem- estar?
Está é a pergunta que tentarei responder no quinto caminho
da dor.
Já disse em outros lugares que a palavra felicidade tem sua
origem no latim felicitas derivada de Felix que significa alegria,
contentamento.
A filosofia quando indaga a finalidade da existência do
homem e busca justificar suas ações indaga sobre a felicidade. É verdade, que o
que chamamos de felicidade é para os gregos eudaimonia que em nada tem a ver
com esse sentido de felicidade, mas antes tem a ver com um êxito alcançado de
modo que a vida ganhe o seu sentido.
Pode-se objetar, é claro, que a pessoa que alcança êxito na
vida realizando-a sente prazer. De fato, há um prazer, mas este não é um estado
ou condição constante na existência. Pois o êxito é fruto de uma ação que para
ser adequada ao fim desejado exige de quem o realizará o esforço, o sacrifício
para que o êxito seja finalmente alcançado.
No fundo a felicidade não pode ser uma sensação de gozo
eterno em vida, pode o ser depois desta vida, mas não nesta vida e por que?
Porque o mundo é cheio de contingências que precisam ser
superadas para que o êxito venha. Pessoas que pensam que a felicidade consiste
num tipo de gozo permanente são pessoas que fogem destas contingências. São
pessoas incapazes de resolver problemas sozinhas, não podem sentir dor, não
podem receber um não, não sabem escutar uma crítica, não se engajam em nada,
não se envolvem profundamente com ninguém.
A felicidade se relaciona com o trabalho, com o esforço
pessoal e coletivo. Pessoal porque cada um na medida em que quer agir o melhor
possível se pautara por buscar escolhas melhores.
Coletivo porque a própria sociedade tem que nos dar as
ferramentas necessárias (educação) para sermos capazes de escolher o melhor e
incentivar o melhor em nós.
Os pais devem conduzir seus filhos para o respeito e os
hábitos sociais tanto quanto o professor os pode reforçar através do
conhecimento das ciências humanas e exatas.
É preciso que os pais compreendam que o não, e as derrotas
que a vida podem eventualmente impor aos seus filhos não farão deles
fracassados, mas eles serão fracassados senão souberem lidar com a derrota, nem
com as perdas.
Embora Nietzsche pensasse que a humildade só sustenta uma
moral de fracos eu a exalto como moral dos fortes, porque tem que ser muito
forte para ser capaz de reconhecer uma crítica que te fará crescer, é mostra de
grandeza demonstrar complacência por aqueles que se rebaixam para te ofender e
mostra verdadeiro humanismo quem é capaz de resgatar o ser humano da vergonha e
da escravidão ( imposta sobretudo ideologicamente).
“Sem sacrifício não há vitória” meus amigos! Se quiseres ser
feliz, não tenha medo de enfrentar a vida, a corça de Esopo querendo fugir
acabou no covil do seu algoz.
A felicidade não está no prazer, ao menos não nesta vida, a
felicidade é a equação bem resolvida da vida que não pesa a dor como mal e o
prazer como simples bem, mas entende que há diferentes dores e prazeres que
apesar do nome cada um é um ser diferente realizando na complexidade do cosmos
sua finalidade, a de avisar que algo não vai bem ou que fizemos algo errado ou
de nos enganar para que passando dos limites conheçamos a dor.