domingo, 19 de maio de 2013

Aidós




Não posso olhar nos teus olhos e tampouco ouvir sua voz
Não tenho coragem de te encarar face a face, não pelos erros que cometi
Não sou digno da tua amizade nem to teu amor
Não sou digno da tua companhia nem da tua lealdade.

É o pudor que me condena
É a vergonha que aponta os meus pecados
É a dor que consome meu estomago e o meu coração que quer purgar a minha alma.

Não sou digno da tua casa e nem das tuas promessas
Não mereço seguir-te, pois as minhas faltas se acumulam sobre as minhas costas
Percebi muito tarde não nasci para os teus bálsamos nem mereço teus perfumes
O pão que me doa generosamente
Nem o vinho símbolo da sua alegria...

A minha alma não pode ser perdoada
Meu espírito não tem o vigor das grandes ventanias do fim do inverno
Não há vida em quem sente vergonha
Nem a morte aplaca a desonra.

Vejo os limites da minha força
Vejo o quão fraco sou...
Cansei de tentar ser forte
Cansei de lutar contra a dor

Se é sozinho que devo viver
Se é sozinho que devo morrer
Como o aquele que vive e morre pela espada, sozinho permanecerei..

Não vou te olhar mais nos olhos
Nem buscar os teus conselhos
Não irei atrás dos teus perfumes
Nem do alimento que é a tua companhia...

Não sou digno do teu serviço
E nem as minhas lágrimas de dor podem redimir a minha falta
Errei, falhei e decepcionei
Era o que eu já esperava
Pois, quem nasceu errado morre errado
Quem nasceu por acidente é acidente para todos

Vivo a minha morte enquanto aguardo morto a minha vida
Que a minha vergonha um dia desapareça
Que a minha honra não sucumba nunca mais
Quando o meu ultimo suspiro vier
E o repouso absoluto do ser, seu ultimo movimento seja como um fechar de olhos para a escuridão eterna do nada.