Confesso a ti o meu pecado, confesso-te a minha culpa...
Esse sentimento que me inunda me fez imundo aos teus
olhos.
E que me trouxe sofrimento sem fim e medo.
A culpa é minha e só minha, porque nasci torto e minha
acidentalidade é a causa de assimetria entre nós. Mea culpa, mea maxima culpa!
Não espero seu perdão... eu não o mereço, sou miserável demais
para receber seu amor.
Não espero que me dirijas a palavra, porque não sou digno
de ouvir tua voz, muito menos de olhar nos teus olhos outra vez.
A culpa é minha, porque te amo, a culpa é minha porque te
desejei sem que houvesse seu consentimento.
Minha transgressão foi respeitar a tua liberdade e o meu
castigo é carregar o fardo dessa emoção involuntária que me cega, que me
tortura.
Minha transgressão foi descobrir suas virtudes, ver o bem
em ti. Meu pecado foi querer que as tuas virtudes fossem o remédio para as minhas
feridas, que o teu sorriso aliviasse as minhas dores e o teu olhar iluminasse o
meu caminho e que eu já não caminhasse sozinho.
A culpa é minha porque o meu afeto não fazia parte dos
teus projetos.
O meu amor não estava nos teus planos, mas não estavam
também nos meus, e mesmo assim a culpa é minha...
Ah, se soubesse como é o meu grito de dor silencioso!
Ah, se você visse o estado da minha alma!
Lançado nas profundezas escuras da solidão e da saudade,
do medo, esse vale de lágrimas eclipsadas pela sua ausência.
O meu pecado é o meu existir, por isso a maioria das
vezes acordo desejando morrer. O meu erro é ser quebrado, sem conserto, é
assim... do jeito que sou... chagado pelo destino..
O meu pecado é ter a consciência de que estou a morrer de
amor num sofrimento sem fim, causado pelo remorso de amar e não pelo amar em si.
Mea culpa, mea máxima culpa! Já só o brilho caloroso dos
teus olhos podem me salvar...