Pois, antes me viesse a morte e de surpresa me levasse, de
súbito a noite enquanto durmo, e não mais eu acordasse.
Pois, antes me viesse a morte, irmã querida de Francisco
pela mão me puxasse e trouxesse contigo um sorriso amigo.
Antes a morte sincera e destemida, do que essa vida ingrata
e cheia de mentiras.
Antes a morte, irmã doce e gentil, do que a vida amarga,
inimiga vil.
Pois, antes me viesse a morte, sono profundo e
misterioso, me tomasse devagar sem dor e
sem pressa como a alegria de caminhar numa praça de bicicleta.
Pois, antes me viesse a morte, irmã querida de Antônio, de
súbito me abraçasse de felicidade e em pranto.
Antes a morte que torna todos iguais, do que a vida injusta
com suas desigualdades triviais.
Antes a morte, irmã suave de outrora, do que a vida insossa
que me persegue toda hora.
Morte, irmã morte, vem como sono tranquilo e traz-me de
presente o sonho do paraíso.
Morte, irmã morte, vem suave e devagar e me beija com
ternura e deixa me se enamorar.
Morte, irmã morte, inesperada e imprevisível vem de
surpresa, venha como um desatino.