domingo, 11 de setembro de 2016

Persona

Olhe nos meus olhos e não me veja.
Converse comigo e não me escute.
Me abrace com o abraço gelado da sua indiferença.

Tu me olhas, mas não me vê.
Falas comigo, mas não ouves a minha voz.
Me abraças e teu abraço é incapaz de me aquecer.

Sou persona, mascarado.
Tenho o rosto ocultado.
A alma intocada,
Protegida,
Inviolada.

Quando me olhas, o que vês?
Quando te falo, o que escutas?
Se te abraço, o que sentes?

Vês a máscara que aprisiona a minha realidade.
O rosto de cerâmica que esconde a minha identidade.
Sempre risonho, sempre feliz.
Ocultando a minha cicatriz.

Olhe nos meus olhos e finja que me vê.
Converse comigo e se faça de interessado.
Me abrace sem o calor que sai de ti.

Porque tu me olhas sem me conhecer
Falas comigo, mas não quer nem saber.
Me abraça sem amor e cheio de pudor.

Sou persona, e tu também o é.
Tens o rosto ocultado.
E tua alma como a minha se esconde,
Protegida,
Inviolada.

A máscara que protege e aprisiona.
Que salva e não se emociona.
Que esfria no frio da cerâmica
Que engessa as feições do espírito
Que te nega minhas lágrimas sinceras
Que me nega o teu verdadeiro sorriso.


Brener Alexandre 11/09/2016

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Silêncio e solidão

A cada noite escura o silêncio,
A cada eclipse da lua um suspiro,
Em cada abismo profundo um grito.
De medo do desconhecido,
Do vazio e seus gemidos,
Do abandono e de ser esquecido.

Silêncio e solidão
Vazio e escuridão
Gemido e sofrimento
Choro e lamento.

A cada noite escura a dor,
A cada eclipse solar desamor,
Do abismo profundo um clamor.
De súplica surda,
De ferida doída,
De solidão e silêncio.

Falta palavras
Há espaços vazios
Entre choro engolido e o sorriso fingido.

A cada noite escura o silêncio,
A cada céu nublado uma esperança,
Do fundo do poço uma reza.
De profeta que chora os destinos terríveis,
De poeta que morre de amores
De gente que sente muitas dores.


Brener Alexandre 05/09/2016