sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pain

Resolvi escrever este texto depois de pensar muito sobre a questão. Embora pensando muito, não pensei o suficiente, por isso peço desde já desculpa por qualquer falha na argumentação e ficaria imensamente feliz se houvesse interlocutores sobre este assunto que me preocupa (talvez a minha vida inteira tenha me preocupado sob diversas formas).

Curiosamente vou começar o texto dizendo que não escolhi o titulo "pain" por acaso. Pain em inglês pode ser traduzido por "dor" e ou "sofrimento", e também é o nome de um personagem do animê Naruto. Um vilão para ser mais exato, membro de uma organização chamada akatsuki. Pain acredita que o mal e a dor só vai acabar se todos experimentarem a dor verdadeira, assim ninguém mais vai querer provocar o sofrimento alheio. É sobre isso que prentendo escrever, sem aprofundar demais, apenas exercitando a livre reflexão sobre o assunto.

Tenho notado e não é de hoje, que as pessoas tem se importado cada vez menos com o sofrimento alheio, estão cada vez mais indiferente a dor, evitando-a a todo custo.
Hoje em dia ninguém suporta a dor, remédios que prometem alívio imediato estão sempre a mostra em comerciais na TV.

Pessoas que só olham para o que pode lhes render lucro, transformam as pessoas em objetos ou meios para obtenção de lucro e subentenda por lucro, o prazer.
nossa sociedade se tornou por demais hedonista, e hipócrita, o consumismo e a globalização reduziu o viver a um monte de mentiras. E o pior uma sociedade que teme ainda que inconscientemente negar sua herança teológica(estou falando do cristianismo) mas, no entanto, vive o paganismo dissoluto (eis a marca maior da hipocrisia). Tudo em nome do tenha isso, tenha aquilo, seja isso, seja aquilo, mas afinal quem é você? um carro do ano? uma mansão no bairro mais nobre da cidade? quem é você? aquilo que a mídia diz que você tem que ser? o problema da liberdade é que ela é tão etérea que não pode ser plenamente teorizada, e isso os gregos os sabiam muito bem. Posto que a liberdade era algo primordial para eles. E deveria ser para nós também. Liberdade não é apenas ir e vir, ou escolher a opção sexual ou viver em um país democrático. Ser livre é bem mais que isso, envolve uma vivência plena das nossas escolhas, assumir o compromisso verdadeiro, legítimo, que cada ação nossa produz. Isto também implica o sofrimento alheio.

Uma sociedade pragmática que reduz a vida a mediocridade. Mediocridade que o consumismo e a intemperança podem oferecer ao homem. Ser escravo de seus desejos e das ilusões que o sistema impõe através da mídia e afins. Fundamentando modinhas, estilos que pregam a liberdade, mas que na verdade fomentam o egoísmo e a hipocrisia. Quanto mais livre você se sentir, mas cheio de correntes você estará.

Ignoramos o sofrimento alheio. Para não nos lembrarmos do nosso próprio sofrimento. Nos escondemos por detrás dos direitos do "estado de direito". Porque os deveres nos obrigam a encarar o sofrimento como parte inexorável do nosso viver. Preferimos a injustiça à justiça porque ser justo implica em sofrer ou ser simpático ao sofrimento do outro.

Fingimos amar para receber em troca outro amor fingido. Somos indiferentes a nós mesmos para ser indiferente ao outro, pois "o fim justifica os meios". Ser ignorante nos torna menos culpados do vício que cometemos? ou será que somos todos culpados? Ou chamamos as coisas pelo seu nome verdadeiro e dar a cara a tapa sabendo que a felicidade só possível para aqueles que enfrentam os riscos de viver ou então devemos nos silenciar para sempre diante da nossa mediocridade vivendo uma vida artificial e estéril.