quarta-feira, 22 de maio de 2013

Silêncio II



Outra noite acordado
Gritando em silêncio
Outra noite desperto
Mergulhado no escuro.

Pesadelo profundo
Culpa ácida corroe minha mente com angustia.
Uma casa cheia esvaziada de vida
Agregados que pensam que são uma família.
Orfandade pior não há que tendo os pais a viver como se não os tivesse.

Mergulhado no seu mundo
Preso no meu
Fugindo dos fantasmas
Tenho medo das palavras
Dos olhares
Julgam quando não querem julgar
Escolhem sem querer escolher
Matam-me, mas eu não morro.
Ilusão de quem sofre em silêncio
Fugitivo
É para o nosso bem, não é para o seu.
Meu bem é ter você por perto.

No escuro meditei e vi a verdade brilhar como uma luz tomada pelas sombras
Naquela noite tive a certeza dubitável do meu fracasso.
Minha vergonha
Meu excesso...
Punição divina
Castigo para o transgressor.

Raiva inexiste
Ódio muito menos
Existe apenas tristeza
Falta de força, fraqueza
Pois, resistindo, me machuco
Não quero lutar mais
Por isso para o exílio irei
Poupar-te de ver os olhos do derrotado
De ter pena das minhas misérias...

E outra vez no silêncio...
Outra noite acordado
Apenas o som da lua e das estrelas
Sozinho
Sem lágrimas, nem estas me acompanham
Um riso longínquo me vêm a memória
É o cochilo desejado meu silêncio neste monólogo.