quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Estranheza minha de cada dia II

O que eu sou?
Para que eu existo?
Não tenho identidade. Tudo me parece igual, tudo me parece diferente
O que é você?
Para que você existe?
O mesmo e o outro, o igual e o diferente parece mais não é...
Eu sou o outro absoluto, revestido de alteridade sem altruísmo.
Eu sou diferente de tudo, não sou igual a nada.
Não tenho identidade, não me identifico com nada.
Eu sou o outro absoluto, sou solidão absoluta
Sou alteridade solitária.
Tudo me é estranho
Tudo sempre me será estranho
Estrangeiro, pária
Forasteiro da própria existência.
Próprio... o que me é próprio?
Tenho algo que me defini?  algo que que me põe fim?
Eu sou a personificação do nada
Do nada, nada se diz. Do nada, nada se pensa.
Do nada, nada se ouve.
Não tenho infinitivo, nem sujeito, advérbio, ou adjetivos
O que eu tenho é silêncio
O que eu sou é indizível
Vazio estilhaçado
Nada manifesto
Não se liga a nada sendo nada.
Não se liga a ninguém, sendo ninguém.
Sou todas as negações juntas ou separadas.
Sou todas as coisas que não são ditas, estou lá e você não me vê.
Sou invisível
Sou ferida que não sangra e que não dói.
Sou estranho
Estrangeiro
Forasteiro
Pária
Sou estranho para mim mesmo.

Lembranças e esquecimentos me são iguais
Memórias e amnésia me são iguais.
Sonhos e pesadelos me são iguais.
O igual não existe para mim
Existe apenas o diferente

Porque não reconheço distinções.