sábado, 19 de abril de 2014

Silêncio VI


No vazio da solidão contemplo o vazio do silêncio.
No silêncio vazio contemplo a tua lembrança unguento para o meu espírito.
Meu silêncio doloroso gemido de um covarde.
Meu silêncio é angustia de um homem esmagado pelas misérias.

Essa ausência da música, da dança dos sons.
O vácuo entre as lembranças
O medo do fracasso
Frustração antecipada como o castigo de Sísifo!

Parece que me esqueci do teu rosto.
Me esqueci da tua voz.
Já não me lembro da tua presença.
Apenas lembro dos olhos gentis.
Da boca que profere gentilezas.
Do silêncio, do respeito mútuo.

Será que é assim que te lembras de mim?
Talvez o que tenha ficado de mim em ti seja:
O rosto desfigurado pela dor
Os olhos tristes e sem vida mergulhados no silêncio
O corpo arrastado pelas feridas e maculado pelo passado.

É no silêncio que tenho a lembrança mais viva de ti
É como se o seu coração só pudesse ser perscrutado na imensidão da mudez
Sua presença é mais forte quando me percebo só
É no silêncio que me dou conta de como as conversas mais simples que tinha contigo me fazem falta.