Disseram-me que eu sou especial, nunca entendi o que
significa isso.
Acho que só se é especial para alguém, nunca alguém é
especial em si, a não ser, é claro se por especial querermos dizer que alguém é
único, nesse sentido somos todos especiais.
Acho que ser especial envolve a apreciação de outra pessoa, é
como a admiração, no sentido de achar alguém um máximo. Se digo que alguém é
especial, ela o é para mim, única, insubstituível, importante, me falta e é
digno dos meus mais nobre e belos sentimentos de afeição e desejo. Ser especial
para mim significa ser extraordinário aos meus olhos, ou seja, não ser
ordinário, não ser comum, vulgar, embora possa ser simples em sua complexidade.
Não acho que sou especial, sou apenas diferente no sentido
bom e isso tentando ser otimista em relação a percepção que tenho de mim mesmo.
Porque no fundo não me sinto assim, me sinto mesmo é diferente de um modo tal
que pareço ser a diferença em si e nunca para si.
Um dia talvez, quem sabe eu seja especial para alguém, um
dia quem sabe a diferença se faça perceber em meio ao óbvio da vida cotidiana,
por hora sou apenas a diferença oculta disfarçado de mesmice, apenas estranho,
esquisito, mais um filho da xenofobia do normal.