quinta-feira, 3 de julho de 2014

Orfeu

O canto triste da elegia desenha a dor da separação.
Triste destino que aparta a amada do meu coração.
Pior que a morte é essa desdita, fim infeliz uma ruptura.
Não há mais a amizade, amor, mas que tortura!

Desci aos infernos atrás da minha amada.
Compondo e cantando versos, melodias de uma alma consternada.
A melodia que a todos comove teu coração não comoveu.
Insensível ao timbre e ao toque da harmonia de Orfeu.

Imaginava aqui sozinho como te faria regressar.
Aconselharam-me, e insistiram para trás eu não deveria olhar.
Na subida para a vida, quantas vezes não tropecei?
Ah, como eu queria ver o brilho dos teus olhos outra vez!

Quando ao longe a luz do sol brilhava e reluzia.
No êxtase do contentamento da advertência eu me esquecia.
Olhei para trás era isso que o destino queria.
Então, para longe foi levada e outra vez sozinho ficava.

Morto entre os vivos.
Vivo como um morto.
A música continua triste
Não é um canto, mas um choro.

Por fim, um belo dia cantava as minhas elegias.
Pois já não tinha mais a minha amada
Que longe de mim agora vivia.
Então muitas belas moças eufóricas apareciam.
Atraídas pelo tom, e as lágrimas que eu vertia.

Mas, para elas não tinha olhos, nem reparava o pobre Orfeu.
Só pensava em Eurídice que o destino como uma flor colheu.
As moças eufóricas com a indiferença não se contentaram.
Despedaçaram o pobre Orfeu, o fizeram em pedaços.