Eu sei que estou condenado a essa prisão de silêncio, me
impus esse castigo para garantir tua liberdade. Eu sei também que a única coisa
que ainda me é permitido é acessar a minha mente, visitar a minha memória e
trazer a sua imagem que transpassa os meus sentidos e alentam a minha dor.
Tu não sabes como sinto a tua falta. Tu não sabes como sinto
a falta do riso descontraído, do seu olhar curioso e da sua fala sincera. Tu
tinhas me libertado, mas eu queria ser teu cativo para sempre.
E agora nessa prisão sem paredes, nesta cela sem grades
estou preso pela saudade e amordaçado pela liberdade. Pela minha e pela tua
liberdade.
E no final, o que me resta a falsa sensação de que você vai
voltar e me libertar dessa prisão retirar os grilhões invisíveis que me impedem
de te abraçar.
Antes o teu perfume vai me despertar da fatiga de dormir
deitado no chão e tua voz vai me reconduzir a cidade dos bem-aventurados outra
vez.
Entre as boas e as más lembranças o que me restam são apenas
sonhos e pesadelos.
E ao acordar me deparo ante o bucólico frio da madrugada com
a solidão, fim de quem está preso e condenado na prisão de silêncio.
Brener Alexandre 21/11/2014