segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Equidistantes

Éramos iguais, porém separados como dois pontos da extremidade de uma reta. Éramos semelhantes, mas de gênero e número diferentes como se fôssemos de espécies diferentes.
Cada palavra tua me toca e me beija como a brisa das quatro horas da tarde, quando tu falas vejo teus olhos me contemplando e a tua mão segurando a minha com ternura. O tempo para por um instante, ele também quer te ouvir.

Éramos iguais de um ponto de vista diferente de uma visão a partir de lugar nenhum. Somos equidistantes e de algum modo a química e a física nos impele um ao outro como uma cadeia atômica em movimento.

Distantes pelo espaço, mas próximos em espírito e se encontros existem é na alma que se dão os verdadeiros encontros. Nunca te olhei no fundo dos olhos para saber que você é verdadeira em tudo até nas mentiras e até nos pequenos jogos e brincadeiras.
Nunca te olhei nos olhos porque nunca estive ao teu lado, não somos como retas paralelas, somos extremos de uma linha contínua que não tem começo e nem fim, pois somos fim-começo um para com o outro.

Nosso ponto de partida é o nada! O nada pensar, o nada fazer é um ócio que culmina na vontade de ser destino de ser enviado para algum lugar entre o vazio e o infinito. Somos equidistantes antípodas secretas que só quem vê de fora percebe porque quem está vendo não vê a simetria dos corações, mas crê que tudo é assimétrico, que tudo é desmedido.

Uma distância interposta sim, por nós mesmos e pelo destino uma equidistância alcançável apenas pela força da vontade pelo querer-desejo de um encontro possível na alma e para alma.

Somos equidistantes, iguais, porém antípodas. Somos antípodas, iguais, porém diferentes, mas uma diferença que se identifica e se reconhece um no outro.