Éramos iguais, porém separados como dois pontos da
extremidade de uma reta. Éramos semelhantes, mas de gênero e número diferentes
como se fôssemos de espécies diferentes.
Cada palavra tua me toca e me beija como a brisa das quatro
horas da tarde, quando tu falas vejo teus olhos me contemplando e a tua mão
segurando a minha com ternura. O tempo para por um instante, ele também quer te
ouvir.
Éramos iguais de um ponto de vista diferente de uma visão a
partir de lugar nenhum. Somos equidistantes e de algum modo a química e a
física nos impele um ao outro como uma cadeia atômica em movimento.
Distantes pelo espaço, mas próximos em espírito e se
encontros existem é na alma que se dão os verdadeiros encontros. Nunca te olhei
no fundo dos olhos para saber que você é verdadeira em tudo até nas mentiras e
até nos pequenos jogos e brincadeiras.
Nunca te olhei nos olhos porque nunca estive ao teu lado,
não somos como retas paralelas, somos extremos de uma linha contínua que não
tem começo e nem fim, pois somos fim-começo um para com o outro.
Nosso ponto de partida é o nada! O nada pensar, o nada fazer
é um ócio que culmina na vontade de ser destino de ser enviado para algum lugar
entre o vazio e o infinito. Somos equidistantes antípodas secretas que só quem
vê de fora percebe porque quem está vendo não vê a simetria dos corações, mas
crê que tudo é assimétrico, que tudo é desmedido.
Uma distância interposta sim, por nós mesmos e pelo destino uma
equidistância alcançável apenas pela força da vontade pelo querer-desejo de um
encontro possível na alma e para alma.
Somos equidistantes, iguais, porém antípodas. Somos antípodas,
iguais, porém diferentes, mas uma diferença que se identifica e se reconhece um
no outro.