quinta-feira, 26 de março de 2015

Fala do Coração

Deixa o meu coração te falar
Deixa o meu coração te dizer
Deixar o meu coração sussurrar que ele ama você.

Meu coração fala por meio de versos e de prosa
Fala por meio do abraço e do beijo que aquece a alma.
Meu coração fala, diz muitas coisas em segredo
Meu coração sussurra o amor que guarda por medo.

Deixa o meu coração te falar
Escuta a fala do coração
Suas razões não se explicam com lógica
Suas razões se explicam com emoções.

Deixa o meu coração te falar
Deixa o meu coração te querer
Ele se preocupa contigo e não quer te ver sofrer

A fala do coração é alimento para alma
Palavras de destino incerto como as ondas sonoras
Deixa o meu coração sussurrar o amor que tem por você
Deixe-se se tocar com o que o meu coração vai dizer.
O meu coração está sussurrando nesse momento
Ele está te admirando
Fazendo versos sobre sua nobreza
Fazendo prosa da tua grandeza.

Deixa o meu coração falar
Escute a sua voz sem temor
O amor em segredo que vela por ti
Com respeito e pudor.

Deixa o meu coração te cuidar
Não tenha medo do meu coração
Amizade que te quer bem
Amor que não é só sedução.
Conquista definitiva
É o que fala o meu coração
Quando todas as coisas bonitas
Quando perscruta o seu coração.


domingo, 22 de março de 2015

Democracia lugar do lógos do contraditório e dos contrários

Tucídides escreveu no início de sua História da Guerra do Peloponeso que: “quem quer que deseje ter uma idéia clara tanto dos eventos ocorridos quanto daqueles que algum dia voltarão a ocorrer em circunstâncias idênticas ou semelhantes em conseqüência de seu conteúdo humano, julgará a minha história útil e isso bastará. Na verdade ela foi feita para ser um patrimônio sempre útil, e não uma composição a ser ouvida no momento da competição por algum prêmio.” (Tucídides, História da Guerra do Peloponeso I,22).

Tucídides nos ensina que o trabalho memorial da história se preza a nos ajudar a compreender o fenômeno humano, tanto dos que já aconteceram, quanto dos que podem voltar a se manifestar. Nesse sentido a história é um saber dinâmico que sempre se volta para o passado para compreender o presente e evitar um futuro desastroso para todos.
Por isso ao invés de simplesmente recorrer à filosofia enquanto saber perene que nos convida à krísis, vale dizer, nos convida à reflexão crítica da realidade me senti na necessidade de recorrer à história para que aprendendo com ela possa fazer filosofia da história e na história e não apenas história da filosofia.

 Ao invés de procurar os fatos da história recente vou dialogar com um homem muito mais velho que o nosso país para falar do nosso atual momento político. Como foram os gregos que nos legaram um modo peculiar de fazer política e com isso me refiro à democracia, pois, de fato, os mais adequados para nos ensinar o caminho para compreender que toda a forma de despotismo e tirania nos conduz a um estado inferior ou de subserviência que contraria qualquer regime que se pretende democrático são os antigos gregos.

A democracia é o regime político da contradição e do contraditório e só é possível pelo exercício da palavra, do direito à palavra. E, enquanto lugar privilegiado do exercício da fala e do embate pela palavra precisa ser por meio do amparo da lei, com liberdade e verdade para se consolidar como governo do povo e para o povo. Por isso a análise feita por Foucault (quem tiver o interesse de ler mais sobre o assunto temos as traduções da Martins Fontes das obras de Foucault: Hermenêutica do sujeito, Governo de si e governo dos outros e A coragem da verdade) da parresía é de suma importância para a compreensão da democracia como forma de governo em que o poder é exercido pelo uso da palavra. Foucault nos ensina analisando a tragédia Íon que a parresía se manifesta primeiro como isegoria, isto é, como direito igual à palavra perante a lei. Depois a parresía vai significar mais que ter o direito à palavra na àgora (isso é o que significa isegoria literalmente), mas significará dizer o que pensa (nesse sentido a parresía já começa a ser associada a franqueza, sinceridade) e se nos voltarmos para alguns relatos de discussões feitos por Tucídides em sua História da Guerra do Peloponeso perceberemos uma identificação da parresía enquanto o exercício livre da fala e da liberdade de se exprimir como a doxa, vale dizer, com a opinião.

O pensar aqui não é o criterioso pensar filosófico, mas é o pensar no sentido de o que está na cabeça do falante, por isso equivale a opinião, posto que a opinião exprime uma convicção do falante. Quando olhamos para essas duas acepções da parresía percebemos como a fala é mecanismo para a manutenção do poder na democracia antiga (que como todos sabem é participativa e não representativa). Será com a filosofia que a parresía estará associada com o falar a verdade, mais do que ter direito à palavra e exprimir sua opinião, mais do que poder dizer o que pensa o parresíasta agora é aquele que diz a verdade e a diz com franqueza, fala abertamente a todos (no cristianismo a parresía também carrega todos esses traços delineados até aqui. Por exemplo em Jo 11,14 o evangelista escreve: “Tóte oun eipen autois ho Iesous parresía” e ‘Então Jesus lhes disse abertamente’). Quando a parresía se torna sinônimo de ter coragem para dizer a verdade, daí o titulo de um dos cursos de Foucault: “A coragem da verdade” no lembra como esse conceito está imbricado pela política e particularmente pela democracia. Ora, como eu disse anteriormente uma das características da democracia é o contraditório e as contradições que não estão presentes só nas pessoas, mas no próprio regime democrático. E a vida política na antiguidade é permeada pelo exercício da cidadania principalmente quando a assembléia se reunia na àgora (praça do mercado). A parresía, enquanto, franqueza e verdade se opõe diametralmente a retórica e a bajulação, posto que a verdade é  fim em si mesmo, isto é, é uma revelação que embora possa ser útil a todos pode ser extremamente perigosa para quem a diz. A retórica é o instrumento maior para quem pretende domar a assembléia é a ferramenta que se coloca à serviço da persuasão,  a bajulação também é uma forma de buscar conseguir o que se quer de alguém, pois omitindo a verdade eu digo o que o meu interlocutor deseja ouvir em troca de favores ou benefícios persuadindo-o a fazer o que eu desejo. Era assim que funcionava a vida política dos gregos e depois dos romanos no período republicano. Quem sabia falar e conduzir a assembléia tinha nas mãos o poder para decidir e governar.

Apesar de o modelo democrático ter sofrido algumas alterações deixando de ser uma democracia direta para ser uma democracia semi-direta (como é o caso do Brasil), ou seja, há dispositivos legais para que a população possa participar do governo, mas normalmente delegamos a outras pessoas o trabalho de governar o país através do sufrágio, ou voto. Desse modo escolhemos representantes para dois dos três poderes que se fiscalizam mutuamente garantindo que o país funcione e eventualmente e se for necessário a população pode por meio de referendo, plebiscito ou lei de iniciativa popular decidir questões de interesse da população ou mesmo propor leis para serem votadas no congresso nacional. E de fato, muitas questões poderiam ter a atenção do povo (nossa presidente da República, por exemplo, queria que a reforma política fosse consultada por meio de um plebiscito ou referendo, o que foi vetado pelo congresso). No entanto, o exercício da palavra e o embate discursivo ainda se faz presente no nosso meio de vários modos e em vários seguimentos do nosso dia-a-dia político. As redes sociais, as conversas nos grupos de amigos e colegas de escola, trabalho enfim, onde é possível o diálogo e onde é possível exercer a isegoria esse direito à palavra não poupamos esforços quando inclinados ou interpelados a falar de política expressar nossa aprovação ou reprovação pelo que acontece na República. Heródoto nos conta como os atenienses mudaram seu modo de agir quando libertados da tirania de Písistratos, a democracia nos torna senhores de nós mesmos a liberdade para falar é liberdade para agir. Vejamos o que diz Heródoto sobre essa mudança de conduta do atenienses: “Assim cresceu o poder dos atenienses. Não se evidencia num caso isolado, e sim na maioria dos casos, que o direito à palavra (isegoria) é uma instituição excelente (schema spoudaion); governados por tiranos, os atenienses não eram superiores na guerra a qualquer dos povos seus vizinhos, mas libertos dos tiranos eles assumiram de longe o primeiro lugar. Isso prova que, na servidão, eles se conduziam propositalmente como covardes, pensando que serviam a um senhor (despotés); livres, porém, cada um agia com todas as suas forças para cumprir a missão em seu próprio benefício”.  (Heródoto, História V, 78.)

 O historiador está no mostrando a essência da vida do homem grego como cidadão da pólis democrática de como a descoberta da liberdade por meio do exercício do poder pelo povo e não mais por um tirano muda a motivação dos habitantes de Atenas. Esse poder era visto na antiguidade principalmente nos conflitos com outros povos, era na guerra que essa cidadania se mostrava mais importante, pois proteger a cidade com coragem é proteger a sua liberdade e garantir que a cidade preserve sua integridade (vale lembrar que isso é muito bem explorado por Frank Miller no quadrinho 300 que depois foi adaptado para o cinema). Não obstante o filósofo MacIntyre nos lembra como Péricles transforma a cidade de Atenas em uma figura heróica. De fato, MacIntyre explica que as virtudes homéricas são transpostas para a cidade como um todo encarnando o herói homérico dotado de excelência e nobreza. Ora, a democracia é lugar do contraditório, da polêmica a àgora é a arena em que os cidadãos se enfrentam com o intuito exercer o poder conduzindo os assuntos da cidade e como eu já havia dito a própria democracia é contraditória seja por exercer a tirania (quando deseja dominar outra cidade) seja por acolher ou mesmo rejeitar um determinado modo de pensar. Protágoras, Anaxágoras e Sócrates são testemunhas vitais de como a democracia pode às vezes soar como uma tirania que cala e atua em nome de uma forma “única” e hegemônica de pensar e agir.

O cenário político brasileiro tem nos mostrado um pouco dessa contradição própria da democracia onde o embate principalmente nas redes sociais tem ganhado cada vez mais força e muitas vezes de forma instrumental promovendo desconstruções e ataques a essa ou aquela forma de pensar. Com efeito, assistimos desde as manifestações de junho de 2013 uma mudança no modo de viver do brasileiro que até então praticava a idiotia, vale dizer, não participava de modo mais aguerrido da vida política do país. De fato, as manifestações de junho de 2013 foram o estopim e o pavil foi aceso nas redes sociais, sobretudo, que aproxima eleitores e candidatos, partidos e movimentos sociais de todas as espécies promovendo o embate similiar ao que acontecia na àgora. Depois de uma das eleições mais disputadas para presidência da república presenciamos o descontentamento de muitos brasileiros com os problemas gerados pela forma como o governo tem conduzido o país, além dos escândalos de corrupção que infelizmente minam a força do governo e mostra as fragilidades do nosso presidencialismo de coalização (em que o presidente da república consegue por meio de aliança trabalhar com a maioria do congresso nacional).

Talvez uma das maiores contradições do regime democrático seja a intolerância ao direito à palavra, e isso tem acontecido com relativa freqüência nas redes sociais desqualificando este ou aquele grupo ao invés de efetuar uma refutação com base em argumentos válidos eu simplesmente ataco o interlocutor ofendendo-o de todas as formas possíveis, a democracia que é o lugar privilegiado do lógos (aqui vou manter lógos com o seu sentido polissêmico que abrange desde discurso até razão) também é o lugar da violência e da desrazão (alogia). Esse texto quer em certo sentido chamar a atenção tanto dos descontrutores que são violentos com seus interlocutores agredindo-os com a instrumentalização da informação quanto daqueles que apelam para forças exteriores e intervencionistas como a ditadura militar ou qualquer outra força repressora contra aqueles que não concordam com a opinião expressada por um determinado grupo. Assim como um impeachment também se manifesta quando clamado sem natureza política e jurídica como uma forma de violência contra a democracia exercida pelo poder do sufrágio. Não se trata só de dar voz a maioria ou a minoria, mas de dar voz a todos, pois a característica maior da democracia é a isegoria circunscrita pela isonomia e isso significa que devemos escutar e falar com todos na medida em que somos todos iguais perante a Constituição da República e se os gregos tinham uma lei que exilava todo cidadão que ameaçava a constituição da pólis nós também devemos num apelo de racionalidade sim, em busca do bem comum, ostracizar toda ideologia que deturpa e destrói a nossa Constituição. Eric Weil nos lembra que a racionalidade é uma das formas que o ser humano encontrou para escapar da violência e que a racionalidade demarca o limite entre o moral e o imoral. E se, portanto, desejamos viver em uma democracia sólida é preciso que escapemos da barbárie que violenta a nossa constituição por meio da retórica que coloca o discurso à serviço de ideologias quando a verdadeira retórica, aquela que Platão chamava de filosófica no diálogo Fedro  se empenha em disseminar a verdade para que haja justiça  e justiça para todos. Deixar de lado nossos interesses particulares e garantias que deveríamos ganhar porque o nosso país prospera e não porque apoiamos este ou aquele partido político, essa deveria ser a razão do nosso posicionamento político.

Exercer a empatia quando escutamos o outro e nos livrarmos de nossas contradições internas para que possamos ser o espelho para o país em que vivemos.
E se a corrupção está no nosso gene, então, estamos fadados à ruína. É de um determinismo bárbaro contra o povo brasileiro afirmar que está no código genético dos cidadãos da Terra Brasilis, não creio que isso seja verdade, pois conheci e conheço muita gente honesta dentre pobres e ricos das diversas etnias que compõem o povo brasileiro, acredito sim que há um circulo vicioso no meio político que deturpa e destrói a humanidade dos muitos que ocupam o cargos dos três poderes que exercem o poder em nosso país, corrupção fruto de uma inversão de valores que transforma meios em fins em si mesmo e que coloca o poder a serviço de interesses particulares quando deveria ser posto ao serviço da comunidade chamada Brasil.
O momento atual é fruto não apenas da politização por meio das redes sociais, mas frutos das conquistas que o nosso povo alcançou quando não teve medo de mudar e sempre poderemos mudar quando compreendermos que o poder na democracia emana do povo e que elegemos pessoas que dêem o seu melhor por nós, posto que foi para isso que os escolhemos. Por isso jamais se esqueçam ainda que a se use da mentira para a manutenção do poder não podemos nos esquecer jamais que a “a verdade é irrefutável”.


sexta-feira, 20 de março de 2015

Efemeridade Astronômica

Você se manifesta para mim como uma efemeridade astronômica
Como um cometa de passagem em ciclos longos
Como uma chuva de meteoros com data específica.

Você se manifesta para mim como uma efemeridade astronômica
Como um eclipse você se esconde na minha vida.

Você se manifesta para mim como um evento de astronomia
Te quero em torno de mim como os satélites de um planeta.
Te quero em conjunção, dois iguais com paixão se encontrando
Dois universos colidindo e de brilho forte como duas estrelas nascendo.

Você se manifesta para mim como uma efemeridade astronômica
Às vezes aparece por muitos dias, às vezes some tão rápido que só poderia te capturar por meio de uma fotografia.
Você se manifesta como uma efemeridade, um sopro, uma brisa.
Você se manifesta camuflada, escondida.

Epifania efêmera que causa saudade
Fenômeno fugaz
Amor fugidio
Ausência belíssima
Coração partido.


domingo, 8 de março de 2015

Mulher

Fostes criada companheira e amiga
Suave e delicada.
Fostes criada cuidadosa e amorosa
Atenta e dedicada.

Fostes feita imagem e semelhança das estrelas
Brilhante e bela.
Fostes feita imagem e semelhança das flores
Simples e singela.

Fostes criada forte e determinada
Inteligente e diligente.
Fostes criada calorosa
Terna e gentil.

Fostes feita de preciosidades
E ainda não encontrei o número que expresse seu valor.
Fostes feita com coração
Por isso estais cheia de amor.

És uma flor em forma de gente
És amor de carne e osso.
És ternura no meio da gente
És mulher...

Na amiga és confidente
Na esposa és companheira
Na mãe és cuidado
Tu mulher és perfeita.


sábado, 7 de março de 2015

Seppuku

Um voto de bravura exigido pelos meus inimigos
Um ato de coragem em nome da minha dignidade
E a lâmina da verdade abrindo-me para o mundo
Revelando o meu interior resignado pela derrota.

Um voto de coragem exigido por covardes
Um ato de piedade imposto por ímpios em nome de uma falsa mácula
E a lâmina do infortúnio rasgando-me de fora para dentro
Mostrando a minha alma límpida como a água e alva como a neve.

Um voto de fidelidade exigido por infiéis
Um ato de bondade em nome da excelência esquecida
E a lâmina da morte ceifa devagar a minha vida
Mostrando que a coragem desmedida é dolorosa
Que a bravura reconhecida é penosa
Infortúnio dos vencidos
Resignação dos derrotados
Remorso para os que permanecem vivos.