quarta-feira, 29 de outubro de 2008

olhos

Os japoneses acreditam que o olho é o espelho da alma, que o olhar revela o que sentimos e o que somos de modo pleno.
Por isso uma das características do mangá (quadrinho japonês) é que os personagens possuem olhos grandes.
Já ouvi a expressão janelas da alma, se referindo aos olhos, assisti um documentário com este título.
E me pergunto se os meus olhos te revelam algo. E me pergunto por que os teus olhos não me dizem o que eu quero saber?
Será que sou tão ignorante que não sou capaz de ver a resposta? será que te digo o que sou com os meus olhos? Você tem as respostas que procura neles?
ah!! eu te olho nos olhos e vejo mistério, e me vejo no espelho dos desejos, mergulhado na incerteza de uma resposta sempre distante, parece a revolução copernicana da razão kantiana, mas parece que eu sou o meu próprio objeto de conhecimento.
vítima das circunstâncias ou a causa das consequências??
Queria ver a resposta nos teus olhos, queria saber a verdade sem palavras...
Queria que você me enxergasse e me percebesse como teu!

sábado, 25 de outubro de 2008

Derrota

Me derrubaram e eu me sujei...
estava chovendo e, portanto, eu me molhei.
Fui derrotado? Fui surpreendido?
Na verdade eu havia me esquecido de como era descer no ínfimo da minha humanidade, suja de lama, minha humanidade decadente, por isso, caída e mergulhada no torpor da queda, na surpresa do tombo.
Me esqueci de acentuar a palavra, de regrar as páginas, ponho acento no que eu quero, e a métrica sou eu quem dito.
E a minha derrota é culpa da minha miséria da minha falta de tato para a vida, para o meu desesperador eu que grita todos os dias apelando para o divino profano que habita o meu ser.
É o que eu sou divino e profano, sagrado e humano e no final derrota significa apenas mais uma lição que recebi da minha permanência tola neste mundo sem pé e sem cabeça...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Tragédia

É inútil ter certeza diante de certas coisas. A falta de certeza é um problema maior que o mau infinito do desejo.
A vida é uma peça trágica, um conto triste, uma elegia singela, onde a moral, a morada dos homens, não tem janelas, e os costumes não garantem o bom senso.

Tragédia é a corrida de Dionísios fugindo dos titãs, o bode de sacrifício, preço de uma humanidade decadente, da falta de humanidade, da falta de bom senso, deste grande bacanal, sujo, a imundícia de nossas vergonhas expostas pelo nosso descaramento diante do real! Quiçá Apolo e Atena e o grande Zeus não se irritem diante do animais que nos tornamos.

Sacrificando nossos filhos e servindo-os nos banquetes!
E amamos a embriaguez, por que temos de tê-la sempre. Saciando nossos desejos a nossa animalidade, violentando as ninfas nos rios e ignorando a voz dos arcontes.

Oh! Grande Dionísio cinzas do caos! Oh! grande Dionísios bode expiatório da nossa falsa humanidade, tem piedade dos mortais e daí-nos o vinho nosso de cada dia, daí-nos o vinho dos pequenos prazeres e que a luxuria não se faça só em nossa cama, mas em tudo que consumimos. Que a minha taça esteja cheia do sangue dos inocentes e que a falta de bom senso me entorpeça e me faça gozar da loucura e do prazer animalesco das noites escuras de minha alma.

Oh! senhor das festas que a imundícia minha de cada dia seja como o canto das bacantes tuas servas, que eu me perca em teus corpos nus cheios do prazer e do gozo! que a vida seja apenas mais uma representação, isto mesmo! uma representação! que seja falsa!! que seja mentira!! porque a verdade em sua sinceridade, engana mais que a mentira descarada.

E que o Olimpo não se enfureça com os mortais por isso, pois saber falar não é ter bom senso, saber escrever não é produzir ciência. e ser poeta não é saber amar.

Que o bode morra por nós mais uma vez e renasça nas coxas do grande Zeus! e que não nos esqueçamos de fazer um brinde a podridão de nossas almas vazias de ser e cheias de esvaziamento do pensar. É o que somos vazios e sem forma.
O que somos? Com efeito, somos atores prontos para morrer por um destino que ignoramos...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

comum unidade

quero ser contigo comum unidade
quero ser contigo o uno de plotino
quero ser por ti forma da matéria

quanto caos se faz no coração onde o não há unidade
quanta tristeza e falta de cor minha vida possui não haver unidade em ti!!
ahhh!!!! me sinto oprimido pelo cansaço do que não posso compreender
e do que não sei viver.

quero estar em harmonia, apenas um pouco de harmonia, contigo e com todo o resto...
para que todo o resto faça sentido, para que viver seja doce e limpido... só quero a brisa no meu rosto, porque o furacão
machuca e mata...
quero unidade comum, é coisa simples, por isso é comum, não é nada de místico, nada de sagrado.. quero o profano mesmo, por que é humano, é da vida humana e não dá divina.. e meu coração sendo de carne não aspira oque não pode sentir, mas apenas o toque é o que deseja assim como o mais vermelho sangue que por ele corre...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

sofrimento

Que dor é essa que me consome
que sensação do desagradavel do gosto amargo de existir
que inteligência maléfica para sentir oque não causa prazer em viver...

sofrimento, minha pathologia eterna, minha "mania" que me faz ver o mundo distorcido...
essa senção de enjôo da vida, de morte antecipada enquanto respiro cada minuto de tristeza...
esse vazio que enche um saco e enche o meu saco de tão chato que até o brilho das estrelas perde a graça...
essa preguiça causada pela dor, uma dor que eu nem sei da onde vem, apenas vem e me faz sentir o peso do ar que respiro e o cansaço de um coraçãoque trabalha sem cessar...

eu sofro, eu sei, eu sofro, estou dramatizando demais!
mas a verdade é que a tristeza me lembra que eu estou vivo
me lembra o quanto eu sou pequeno diante da minha existência, o quanto ela poderia ser diferente, mas é tão dura...
ah! só tenho vontade de não ser, por que ser é sofrego demais e demasiado cansativo...

domingo, 12 de outubro de 2008

Palavras

Queria entender o que você sente, entender com palavras o que você faz...

não sei o que teu olhar significa, nem o teu presente... o que ele quer dizer?
Não sei o que são palavras e não dá pra saber quem é você!
sinto falta do seu carinho, de seu olhar terno de sua voz calma, das suas palavras que manisfestam a sua presença...
sem ti o dia é sem graça, sem tua voz perco a confiança em mim.
sem ti tudo é triste e nublado, é cinzento como o outono de maio...

Palavras, palavras... sons que formam coisas
palavras, palavras.. metafísica do absurdo...
palavras, palavras... expressão do que não é...

quero a tua verdade, quero o teu afeto, são como estrelas no meu planetário de sonhos
quero as tuas palavras, quero a tua voz ao pé do meu ouvido me excitando, me encorajando a continuar...
quero tuas palavras fonte metafísica da minha vida, fonte ética da minha ação, justeza da minha força e fortaleza do meu vigor!!!
quero palavras porque o silêncio escurece os meu olhos e tenho medo de ficar só...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Verdade

O que é a verdade?
ela existe? é mulher?
Por que cobre o seu rosto e passa desapercebida diante dos olhos de todos??
Verdade é aquilo que é?
é o que passa pelos sentidos? oué idéia inata que nasceu comigo?
é linguagem ou é o indizivel??
Verdade é descobrir, é mergulhar...

Nem sempre é certeza, a mais das vezes é dúvida, é poder, é possibilidade de ser...

verdade é murmuro do vento, é flor desabrochando é o sol queimando a minha cabeça
é você sorrindo para mim e que sorriso é esse ele tem cores tem realidade e por isso é verdade

eu vejo e o sinto e o desejo é verdade ou ilusão... duas palavras com significados diferentes, mas que se confudem pelos meus sentidos....

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Dúvida

Enquanto não há certeza é ansiedade do não agora que não se revela.
É tempo que se vai feito poeira;
É brilho que cega é escuridão que revela a mentira travestida de verdade.

Dúvida é falta de coragem, é correr de medo, é fugir do óbvio.
É o principio motor da certeza;
e a negação da mesma é o principio de não contradição gritando na minha cabeça.
É interrogatório no silêncio da alma;
é o meu desejo de suspender o juízo sobre a vida e repousar no silencio do não dito...
Do indizível...